sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"Me senti acuada. Gostaria que ninguém mais se sentisse assim"


A universitária Caren Lopes Oliveira, de 20 anos, participa de um grupo de mulheres em Viçosa (MG) para denunciar o assédio às mulheres (Foto: Pro fotos Viçosa MG/ÉPOCA)

Desde o ensino médio, Caren Lopes Oliveira já tinha interesse por movimentos sociais. Com orientação de seu professor de história, ela teve contato com textos de cunho feminista. Hoje, aos 20 anos e estudante de medicina veterinária na Universidade Federal de Viçosa, ela faz parte do coletivo feminista Vacas Profanas. Formado pelas estudantes, o coletivo é um ponto de encontro para discutir problemas enfrentados pelas mulheres. 

“Sempre tem um retorno muito grande de meninas dizendo que só precisavam de alguém que pudesse ouvi-las", diz Caren.

Um caso recente colocou o coletivo na mídia. Representantes do grupo foram à Tribuna da Câmara Municipal no dia 15 de setembro  falar sobre os casos recentes ocorridos nas festas da cidade. A resposta do vereador Helder Evangelista (PHS) foi que a vítima da agressão “queria ser estuprada”. O grupo e outros movimentos estudantis foram à Câmara Municipal manifestar repúdio ao comentário do parlamentar. Os organizadores dos eventos procuraram o coletivo para discutir o que pode ser feito para diminuir o assédio.

O grupo formado por mulheres deu a oprotunidade de Caren discutir questões que não tinham espaço nos papos de família. “Eu não tinha abertura para conversar sobre sexualidade em casa nem com parentes e a primeira vez que eu tive foi no coletivo.” Falar fez ela se sentir bem por saber que estava sendo ouvida com naturalidade e que não seria julgada. Assim, na universidade, ela percebeu que não sabia muito sobre feminismo. Não era suficiente aprender na teoria o que os livros diziam. A partir das discussões com as outras meninas e da troca de experiências, ela começou a entender o que é o movimento.

Para a estudante, a violência contra as mulheres é diária e se dá de várias formas. Um exemplo é estar em um espaço público e saber que não pode usar determinada roupa porque será assediada. “Eu vim de saia hoje para a faculdade, mas me senti acuada. Gostaria que um dia ninguém mais se sentisse assim. É isso que o feminismo busca.”

Fonte: Revista Época

Nenhum comentário: