Simone de Beauvoir é tema de
questão do Enem e causa polêmica.
Segundo Rosângela Talib (psicóloga e mestra em Ciências da Religião, membro da organização Católicas pelo Direito de Decidir), a sociedade tem que se manifestar para combater a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher, principalmente a violência sexual, e a prova do ENEM pode contribuir para isso. "As políticas existentes não levam em consideração nada, os parlamentares são levados por uma concepção religiosa, o que não representa toda a sociedade".
A prova do Enem (Exame Nacional
do Ensino Médio) deste ano, no Brasil, que aconteceu nos últimos dias 24 e 25
de outubro, trouxe como tema da redação "A persistência da violência
contra a mulher na sociedade brasileira”. Além disso, uma das questões da prova
de Ciências Humanas também trouxe um texto da estudiosa e feminista francesa
Simone de Beauvoir.
Nas redes sociais da Internet, a
prova está sendo considerada como "doutrinação feminista” por alguns.
Outros internautas comemoraram o fato das questões terem sido colocadas em
pauta na prova. Rosângela Talib, psicóloga e mestra em Ciências da Religião,
membro da organização Católicas pelo Direito de Decidir, diz, em entrevista à
Adital, ter ficado satisfeita com o exame deste ano, pois muitas pessoas que
não levantavam a bandeira feminista passaram a refletir sobre o assunto.
"É uma discussão social, não adianta vetar, está aí. É importante porque,
há muito tempo, nós estamos trabalhando para que os índices de violência contra
a mulher diminuam”, afirma.
Por outro lado, os deputados
federais Jair Bolsonaro (Partido Progressista – PP – Rio de Janeiro) e Marcos
Feliciano (Partido Social Cristão – PSC –São Paulo) usaram suas redes sociais
para protestarem contra a questão da prova de Ciências Humanas, do primeiro dia
do Exame. Esta trazia a frase "Não se nasce mulher, torna-se mulher.
Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana
assume no seio da sociedade”, de autoria da filósofa francesa Simone de
Beauvoir. Os candidatos tinham que relacionar o pensamento da filósofa com o
seu movimento social correspondente. Os parlamentares consideraram uma
tentativa de "doutrinação”.
"Essa frase da filósofa
Simone de Beauvoir é apenas uma opinião pessoal da autora, e me parece que a
inserção desse texto, uma escolha ardilosa e discrepante do que se tem decidido
sobre o que se deve ensinar aos nossos jovens”, escreveu Feliciano, em sua
página do Facebook. O deputado, pastor evangélico, é nacionalmente conhecido
por posturas homofóbicas, misóginas e racistas. Da mesma forma que Bolsonaro.
"Mais ou tão grave quanto a
corrupção é a doutrinação imposta pelo PT junto à nossa juventude”, disse
Bolsonaro em suas redes sociais. Além disso, ele acrescentou que o Enem seria o
"Exame Nacional do Ensino Marxista”.
Prova do Enem 2015 também causa
polêmica ao trazer violência contra a mulher como tema da redação.
Segundo Rosângela Talib, a
sociedade tem que se manifestar para combater a desigualdade de gênero e a
violência contra a mulher, principalmente a violência sexual, e a prova do ENEM
pode contribuir para isso. "As políticas existentes não levam em
consideração nada, os parlamentares são levados por uma concepção religiosa, o
que não representa toda a sociedade. As políticas públicas têm que avançar e não
retroceder”, assinala, referindo-se a projetos de lei criados pelos
parlamentares da bancada religiosa no Congresso Nacional.
O Enem
O Exame Nacional do Esino Médio
(Enem) é uma prova elaborada pelo Ministério da Educação brasileiro com o
objetivo de avaliar a qualidade do ensino médio no país. O resultado é
utilizado como critério de seleção para os candidatos que pretendem concorrer a
vagas em universidades públicas e/ou a bolsas no Programa Universidade para
Todos (Prouni). É uma prova composta por 180 questões e uma redação, sendo
dividida para ser realizada em dois dias.
Fonte: Adital
Nenhum comentário:
Postar um comentário