Cerca de 60% das mulheres brasileiras entre 50
e 69 anos de idade fizeram mamografia em 2013. Esse e outros dados sobre a
saúde da mulher estão na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada hoje (21)
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa foi
feita em parceria com o Ministério da Saúde para ampliar o conhecimento sobre
as características de saúde das brasileiras, que são maioria na população
(51,9%) e as principais usuárias dos serviços de saúde.
Os dados são relativos a
mamografias feitas até dois anos antes da pesquisa e revelam que a realização
do exame – para detectar câncer de mama – foi mais frequente entre mulheres
brancas (66,2%) do que pretas (54,2%) e pardas (52,9%) e mais frequente entre
aquelas com ensino superior completo (80,9%), do que entre mulheres sem
instrução ou com ensino fundamental completo (50,9%).
Para o presidente da Sociedade
Brasileira de Mastologia, Ruffo de Freitas Junior, o acesso ao exame melhorou
muito no país nos últimos anos, mas ainda está abaixo do recomendado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 70% das mulheres nessa faixa etária
fazerem a mamografia periodicamente.
“Além disso, a qualidade do exame
é fundamental. Com o Programa Nacional de Mamografia funcionando na maioria das
cidades, tenho certeza que nossos índices de mortalidade vão cair nos próximos
anos”, disse Freitas Junior, ao destacar a importância do acesso ao tratamento
adequado do câncer de mama em todo o território nacional. “Acredito que com
tudo isso em um futuro próximo estaremos ao lado de países como Estados Unidos
e Inglaterra, mostrando redução da mortalidade por câncer de mama, que ainda é
alta no Brasil”, disse.
O Norte foi a região com menor
percentual de mulheres que fizeram o exame (38,7%), seguido pelo Nordeste
(47,9%), Centro-Oeste (55,6%), Sul (64,5%) e Sudeste (67,9%). Segundo o
Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o terceiro mais
frequente em mulheres no Brasil e responde por 22% dos casos novos a cada ano.
Papanicolau
A pesquisa do IBGE entrevistou as
mulheres também sobre o exame papanicolau, que detecta o câncer de colo do
útero. Quase 80% das brasileiras entre 25 e 64 anos fizeram o exame nos três
anos anteriores à pesquisa. Os maiores percentuais estão nas regiões Sul (83%),
Sudeste (81,1%) e Centro-Oeste (80,9%), que apresentaram percentuais acima da
média nacional. No Norte, a taxa foi 75,5% e no Nordeste, 75,1%. Dentre o grupo
que nunca fez o exame, 45,6% declararam não achar necessário, 20,7% nunca
haviam sido orientadas para fazer o papanicolau e 9,7% declararam ter vergonha
de fazê-lo.
Aborto e gravidez
Quase 70% das brasileiras entre
18 e 49 anos ficaram grávidas alguma vez na vida e a idade média da primeira
gravidez é 21anos. Os dados mostram que quanto menor o grau de instrução, mais
precoce foi a primeira gravidez. Nas regiões Norte e Nordeste, mais de 72% das
mulheres na faixa etária avaliada já haviam engravidado, enquanto na Região
Sudeste esse indicador era 66,1%.
O acompanhamento médico da
gestante e do bebê, o pré-natal, foi feito em 97,3% das brasileiras grávidas em
2013 e 97,7% fizeram pelo menos uma ultrassonografia ao longo da gestação.
Quase 65% fizeram exame de sangue para sífilis e 88,8% para HIV. Cerca de 45%
das mulheres fizeram parto normal. O percentual mais elevado foi verificado na
Região Norte (59,8%) e entre mulheres sem instrução ou com ensino fundamental
incompleto (65,3%). Das mulheres que fizeram cesariana, 53,5% marcaram com
antecedência a data do parto ainda no período pré-natal. A pesquisa avaliou os
partos feitos entre janeiro de 2012 e julho de 2013.
Pouco mais de 2% das mulheres na
faixa etária avaliada relataram ter provocado um aborto. Desse grupo,
aproximadamente 61% relataram que faziam uso de métodos contraceptivos. O
aborto provocado foi mais frequente entre as mulheres com menor grau de instrução
(2,8%) e mulheres pretas (3,5%). No recorte regional, a Região Sul registrou o
menor percentual (1%) de aborto provocado e a Região Nordeste (3%), o maior.
De acordo com o estudo, cerca de
15% das entrevistadas disseram ter sofrido aborto espontâneo em 2013. O
percentual maior (21,1%) foi verificado entre as mulheres sem instrução ou com
ensino fundamental completo. Entre as mulheres com superior completo, 11,7%
sofreram aborto espontâneo.
Obesidade
A pesquisa constatou também que o
aumento da obesidade no país afetou principalmente as mulheres: uma em cada
quatro brasileiras (24,4%) com mais de 18 anos é obesa. A média nacional é
20,8% e entre os homens o índice cai para 16,8%.
Em dez anos, a obesidade entre as
mulheres com mais de 20 anos passou de 14% em 2003 – segundo a Pesquisa de
Orçamentos Familiares –, para 25,2% em 2013, aumento de 11,2 pontos
percentuais. Já entre os homens, o crescimento foi menor: 8,2 pontos
percentuais (de 9,3% para 17,5%).
O acúmulo de gordura abdominal
também é mais frequente no sexo feminino, atingindo 52,1% das mulheres e 21,8%
dos homens. O oposto ocorre em relação a hipertensão arterial, que é mais comum
entre os homens (25,3%) do que entre as mulheres (19,5%), atingindo 22,3% da
população.
A dona de casa carioca Maria
Clara Souza, 30 anos, engordou dez quilos nos últimos três anos e está fazendo
acompanhamento médico para emagrecer. “Depois que meu filho nasceu, parei de
fazer exercício e descuidei da dieta”, disse. “A verdade é que sai mais barato
e prático comer porcaria industrial do que fazer uma comidinha saudável”,
acrescenta.
Fonte: Agência Brasil
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