Documento da Polícia Civil do DF
descreve suspeitos de comandar esquema de tráfico de mulheres para fins sexuais
(Foto: Raquel Morais/G1)
Mulheres trabalhavam 17 h por dia
e eram trancafiadas em casas no DF. Elas eram atraídas por falsas ofertas de
serviço como babá e secretária.
Quatro pessoas foram presas na
manhã desta sexta-feira (28) suspeitas de aprisionar mulheres e obrigá-las a se
prostituir no Distrito Federal. As vítimas eram atraídas por falsas ofertas de
emprego e trabalhavam até 17 horas por dia, supervisionadas pelo grupo. Depois,
entregavam todo o dinheiro arrecadado com os programas e eram trancafiadas em
casas em Taguatinga. O G1 não teve acesso aos presos.
De acordo com o delegado
Alexandre Dias, o esquema acontecia havia pelo menos três anos e foi desmontado
após denúncia anônima. Os policiais filmaram a ação dos quatro presos durante
um mês e meio. Agentes apreenderam ainda anotações com detalhes sobre a
atividade, além de roupas femininas.
"Tem três mandados de prisão
para cumprir, de gente que buscaria essas mulheres em outros estados",
declarou. "Eles ofereciam trabalhos diversos, como de secretária, babá,
recolhimento de lixo. Também diziam que dariam a moradia."
Três mulheres acompanhadas de um
homem, que haviam desembarcado em Brasília nesta quinta, foram libertadas pelos
policiais antes de serem forçadas a se prostituir. O trabalho acontecia entre
13h e 6h – as vítimas se "exibiam" na rua em que funciona uma fábrica
de refrigerantes e depois eram conduzidas a motéis nas proximidades.
A Polícia Civil disse ainda não
ter o número total de pessoas submetidas ao esquema. Os valores cobrados por
programa e o lucro dos suspeitos também não foi levantado.
Até agora, três mulheres que
conseguiram fugir do cativeiro após três meses de cárcere já foram
identificadas pela corporação. Elas foram submetidas ao programa de proteção do
Ministério da Justiça e passaram por exames de saúde.
Esquema
De acordo com depoimentos dados
pelas vítimas, a única mulher entre os detidos era a chefe da quadrilha. Ela
foi descrita como "intimidadora e gananciosa", responsável por pegar
o dinheiro após os programas. Os relatos apontam ainda que ela agredia as reféns.
O marido dela também foi preso,
suspeito de fazer o transporte das vítimas entre o cárcere e o ponto de
prostituição e de vigiá-las no trabalho. O terceiro detido tinha funções
semelhantes, além de revistar as meninas e agredi-las quando solicitado.
O quarto preso seria o
"olheiro" do grupo, supervisionando o trabalho para evitar que as
garotas fugissem. Todos foram indiciados por rufianismo, cárcere privado e
associação criminosa.
Fonte: G1 Globo
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