Investimentos em equipamentos
preventivos, como câmeras de segurança, poderiam auxiliar e evitar que
tentativas de abuso contra mulheres acontecessem com tanta regularidade no
Metrô de São Paulo, aponta a militante da Marcha Mundial de Mulheres (MMM),
Carla Vitória. “Se houvesse mais equipamentos preventivos como estes, estas
denúncias poderiam ser melhor apuradas”, disse.
A militante comentou a recente
denúncia feita pela estudante de jornalismo Mayra Nakamura, em sua rede social,
que foi amplamente compartilhada. Mayra relatou o testemunho de uma amiga que
disse ter presenciado uma tentativa de abuso sexual contra uma jovem, na Linha
3 – Vermelha, que liga a Zona Leste à Zona Oeste da capital paulista.
“Num determinado momento da
viagem, uma MENINA de aparentemente 16/17 anos estava sendo encoxada pelo cara
que estava atrás dela e reclamou. O babaca quis discutir, dizendo que se ela
queria espaço não deveria estar lá, mas a menina continuou a reclamar e pedir
pro cara parar. No meio de tudo, um outro homem gritou ‘Estupra ela pra ela
saber o que é encoxada de verdade’!”, informa Mayra no texto.
A estudante conta ainda que
quando o trem estava parado entre as estações Tatuapé e Bresser-Mooca, o mesmo
homem tentou segurar a adolescente. Segundo informações do R7, a assessoria de
imprensa do Metrô afirmou que analisou todas as imagens da estação
Bresser/Mooca e da Sala de Supervisão Operacional (SSO) da estação, mas não
encontrou nenhuma cena onde a vítima e a jovem que a ajudou aparecessem.
Para a militante da Marcha, dizer
que não encontrou nada das gravações não exclui a responsabilidade do Metrô de
apurar a denúncia. “Dizer que não aconteceu porque não viu é omissão”, aponta.
Carla diz que um número maior de
câmeras nas estações é reivindicação do movimento feminista há algum tempo,
quando as primeiras denúncias de estupro repercutiram nos noticiários. Em
abril, por exemplo, uma funcionária de um posto de recarga do Bilhete Único foi
estuprada dentro do seu posto de trabalho na Estação República. Na época, funcionários
relataram ao jornal O Estado de São Paulo que o local “não é tão bem servido de
câmeras de vigilância”.
Ainda em seu relato, a estudante
Mayra se mostra indignada com a atitude de funcionários do Metrô, que não
teriam dado assistência à adolescente. “E quando minha amiga levou a menina
(que estava em estado de choque, sem conseguir falar, apenas chorando) para a
SSO para registrar a ocorrência, OS FUNCIONÁRIOS QUE AS ATENDERAM NÃO FIZERAM O
REGISTRO PORQUE A VÍTIMA DEVERIA DEPOR, minha amiga não podia contar o que
aconteceu (lembrando que a vítima estiva incapacitada de FALAR) e nada poderia
ser feito. Então minha amiga pode apenas aguardar a parente da menina chegar,
pra ter certeza que ela ficaria segura e ir embora”, escreveu.
Neste caso, Carla aponta para um
enfrentamento antigo das mulheres: a culpabilização pelas agressões. “A falta
de credibilidade dada à mulher quando ela sofre agressões acaba prejudicando
ainda mais a situação”, diz.
O Brasil de Fato entrou em
contato com o Metrô para saber se algum tipo de investigação está em andamento,
mas não recebeu retorno.
Fonte: Brasil de Fato
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