Acreditar, confiar e sonhar. Esses têm sido os verbos mais conjugados entre as trabalhadoras rurais que chegam à Marcha.
O sol mal havia surgido quando
algumas caravanas e delegações começaram a chegar ao estádio Mané Garrincha,
para a 5ª Marcha das Margaridas, que começa nesta terça-feira, 11 de agosto, em
Brasília, capital brasileira. Nem mesmo a gelada manhã da capital federal foi
capaz de esfriar os ânimos e o pique das "margaridas”, que chegam das
cinco regiões do país - Norte, Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. De acordo
com a Confederação Nacional dos/as Trabalhadores/as da Agricultura (Contag),
até a manha deste primeiro dia já passa de 10 mil Margaridas presentes – entre
homens e mulheres. A expectativa é de que cerca de 70 mil pessoas, a maioria
mulheres, participem da Marcha, que se encerra nesta quarta-feira, 12.
"É com muito sorriso no
rosto e alegria que celebramos esta grande conquista, que é a Marcha das
Margaridas – evento liderado por mulheres e homens e coordenado,
exclusivamente, por elas, as nossas margaridas”, comemora o presidente da
Contag, Alberto Broch. De acordo com ele, muitos foram os preparativos até a
chegada do evento. "Foram mais de dois anos de trabalho e atividades
realizadas, com muito esforço delas. Rifas, parcerias com lideranças municipais
e estaduais, vendas de artesanatos, entre outros. Tudo para que este sonho se
concretizasse com a vinda das 70 mil Margaridas para este grande evento”,
salienta.
Acreditar, confiar e sonhar.
Esses têm sido os verbos mais conjugados entre as trabalhadoras rurais que
chegam à Marcha. Para Maria Elxa, da região Norte, as expectativas para a 5ª
Marcha são as melhores. "Viemos buscar nossos direitos e estamos
confiantes de que levaremos o sucesso conosco, naquilo que viemos buscar”, diz,
referindo-se à pauta de reivindicações, que engloba: a reforma agrária,
soberania alimentar e a desconstrução de padrões patriarcais e sexistas.
Já a jovem da região Nordeste
Renata Jaciara Cordeiro Melo chegou em busca de mais independência para a
juventude que, segundo ela, ainda está muito vinculada aos pais, em virtude das
dificuldades e burocracias em torno do acesso ao crédito fundiário. Elionir Dias
de Souza, da região Centro-Oeste, busca benefícios para toda a sua comunidade
que, segundo ela, é muito sofrida e trabalhadora. "Queremos mais saúde,
recursos para os assentamentos locais, regularização fundiária, além da
titulação da terra”, afirma a agricultora familiar, que cultiva mandioca e
fruticultura, além de gado branco, em sua propriedade familiar.
Margarida das Graças da Silva
Esta é a 2ª vez que Margarida das
Graças da Silva, da Região Sudeste, participa da Marcha das Margaridas.
"Fazer parte desse grupo reivindicatório pelos direitos das mulheres é uma
honra para mim”, afirma dizendo ainda que, infelizmente, a discriminação
persiste no meio rural. "Sofremos uma discriminação dupla: primeiro por
sermos rurais; segundo por sermos mulheres”, desabafa a agricultora familiar
que mora, junto ao esposo e à neta, na propriedade de cinco alqueires onde
cultiva de tudo um pouco: mandioca, abobora, melancia, quiabo e tomate – entre
outros.
A essência dessa 5ª edição da
Marcha das Margaridas é despertar as mulheres e a sociedade contra as
desigualdades sociais e todas as formas de violência. Além de formativo, a
Marcha tem um caráter de denúncia, pressão e proposição ao pautar o governo,
congresso e senado com as reivindicações das mulheres do campo.
Com informações da Contag.
Fonte: Adital
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