É o que todo mundo diz, que a mulher é o sexo frágil! Talvez porque sua compleição física seja menor. Quem sabe por que sangra todos os meses e precisa de algum resguardo enquanto grávida. Mas, o certo é que foram os homens quem criaram este mito. E o pior, as mulher acreditaram.
Por Maria Berenice Dias
Afinal, é
uma situação de conforto. Dá uma certa tranquilidade ter alguém responsável
pela gente. E, se eles são o sexo forte, assumem o dever de cuidar, de
proteger. Não é por outro motivo que o homem tem que sempre ser mais: mais
velho, mais alto, ganhar mais, tudo sempre mais...
Desta condição de provedor, de superior, ao sentimento de
propriedade é um passo. Então ele passa a mandar e ela a obedecer. Tem que se
submeter. Ora, é dela a responsabilidade de cuidar da família, dos filhos, da
casa. Ela é a rainha do lar!
Será que não está nesta assimetria a origem da violência
doméstica? Uma realidade invisível, até o advento da Lei Maria da Penha. Ela
chegou desacreditada; mas, acabou empoderando as mulheres que passaram a não
mais se submeter ao jugo masculino. Começaram a ter coragem de denunciar, da
buscar a proteção legal.
Pela vez primeira passou a ser quantificada a violência
contra as mulheres, e os números se revelaram assustadores. Com certeza não
existe lei que tenha uma efetividade mais imediata. Concede medidas protetivas
e autoriza a prisão de quem as desobedece.
Só que nem a justiça e nem os poderes públicos estão
conseguindo dar conta desta realidade. Basta atentar que no Rio Grande do Sul,
em seis dias, oito mulheres foram mortas.
Mas o mais surpreendente ainda é a cultura que parece
conceder ao homem o direito sobre a mulher que -pelo que todos ainda
reconhecem- é a mulher dele. No mais recente episódio só depois de 20 horas a
polícia agiu. A determinação da autoridade policial foi ter paciência. Mas, até
quando teremos paciência? Quantas mortes, quantas mulheres violadas e
violentadas será preciso contabilizar até que as autoridades assumam a sua
responsabilidade de assegurar proteção a que se encontra em situação de
vulnerabilidade?
É chegada a hora de as mulheres deixarem de serem tratadas
como pessoas frágeis que estão protegidas no recinto do seu lar doce lar!
Fonte: Adital
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