Nos últimos anos, muitas marcas
de roupa foram flagradas utilizando trabalho escravo e, infelizmente, esses
casos não são raros. Para aumentar sua margem de lucro e se eximir da
responsabilidade de arcar com direitos trabalhistas, é comum que marcas
populares e grifes renomadas do mundo todo contratem uma longa cadeia de
fornecedores, ou seja, terceirizem sua produção. Com a falta de controle, os
costureiros ficam mais suscetíveis à escravidão contemporânea nas oficinas de
costura com condições precárias.
Para explicar como acontece essa
dinâmica no Brasil, o programa Escravo, nem pensar!, da ONG Repórter Brasil,
produziu o vídeo Trabalho escravo no setor têxtil, lançado nesta semana. Por
meio de um diálogo casual entre duas amigas sobre um vestido comprado em uma
liquidação, o vídeo mostra a relação das oficinas terceirizadas com a marca que
as contrata. Também mostra as condições degradantes do trabalhador nesses
ambientes, que em grande parte é decorrente da falta de vínculo formal de
trabalho com a empresa.
Este é o quinto vídeo da série
ENP! na Tela, que aborda, por meio da facilitação gráfica, os principais temas
das formações e materiais didáticos do Escravo, nem pensar!, como o ciclo do
trabalho escravo, o trabalho infantil, o tráfico de pessoas e a ocupação da
Amazônia. Ele está disponível para download e também pode ser acessado em nosso
canal no Youtube.
Mais sobre trabalho escravo no setor têxtil
Além do vídeo, o Escravo, nem
pensar! também lança o fascículo Trabalho escravo nas oficinas de costura, que
detalha os nós de produção dessas cadeias e ainda mostra como essa dinâmica tem
como vítimas mais comuns migrantes em situação de vulnerabilidade
socioeconômica de países sul-americanos, que chegam aqui à procura de melhores
condições de vida. Também constam na publicação a definição legal de trabalho
escravo, casos reais de flagrantes do crime, e a história de um trabalhador que
sofreu essa violação de direitos.
Os materiais foram produzidos com
o apoio do Ministério Público do Trabalho.
Sobre o programa Escravo, nem pensar!
Coordenado pela Repórter Brasil,
o Escravo, nem pensar! (ENP!) é o primeiro programa educacional de prevenção ao
trabalho escravo a agir em âmbito nacional. Desde 2004, tem realizado
atividades em comunidades de regiões de alta vulnerabilidade socioeconômica,
suscetíveis a violações de direitos humanos como o trabalho escravo e o tráfico
de pessoas. Suas ações de formação e prevenção já alcançaram mais de 170
municípios em dez estados brasileiros e beneficiaram mais de 500 mil pessoas. O
programa foi incluído nominalmente na segunda edição do Plano Nacional para
Erradicação do Trabalho Escravo e consta como meta ou ação de planos estaduais,
como os do Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins.
Fonte: ( Jéssica Stuque) ONG Repórter Brasil
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