Os conflitos de gênero e a
submissão feminina que persistem no mundo atual devem muito de sua origem ao
princípio masculino absoluto representado pelo Deus das religiões monoteístas.
“É um Deus homem ao qual as próprias mulheres prestam culto e cuja autoridade
vertical faz persistir essa herança ancestral de que homens e mulheres são
diferentes, cabendo aos primeiros o domínio”, protesta a professora de
Filosofia e Teologia Ivone Gebara, segundo quem é preciso fazer uma revisão de
erros históricos que reduziram a mulher à tarefa de reprodutora humana. Somos
todos frágeis e limitados, acrescentou a professora, chamando homens e mulheres
simplesmente de “seres viventes”.
“Precisamos combater a ideia de
que homens são a única fonte de sabedoria e fadados aos pensamentos superiores,
enquanto mulheres são mera matéria, sem rosto e talhadas apenas a tarefas
cotidianas”, provocou Ivone Gebara, doutora em Filosofia pela PUC-São Paulo e
em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica),
palestrante na noite de 12 de agosto da 18ª Semana de Filosofia da Universidade
Metodista de São Paulo.
Objeto de riso
Professora Ivone falou sobre
“Filosofia e Feminismo” e lamentou que em geral os eixos da Filosofia foram
mantidos por figuras masculinas. Não existiu ao longo da história e nem
atualmente nas grandes universidades nenhuma cátedra para pensar a filosofia
feminista, definida por ela como movimento sociocultural de mulheres e também
de homens que buscam a afirmação de direitos igualitários.
Ao contrário, quando a partir do
século 20 as mulheres quiseram fazer parte da história, esse atrevimento não
foi bem-vindo. “Mulheres pensadoras sempre foram objeto de riso. Desconfia-se
de que as mulheres realmente façam Filosofia ou Teologia”, afirmou a
palestrante, autora de diversos livros e artigos em Teologia e Filosofia na
perspectiva feminista. O primeiro eixo da filosofia feminista é justamente o
direito de expor o pensamento das mulheres sob o direito de perceber o mundo
fora da racionalidade masculina, “não necessariamente negando a racionalidade
masculina”, sublinhou.
O domínio masculino sobre a
Filosofia pode ser exemplificado nas escolas de Platão e Agostinho, onde só
eram admitidos homens por acreditarem-se donos da verdade e de todas as coisas
– premissa herdada, segundo Ivone Gebara, da religião que concede autoridade à
figura do homem, cabendo às mulheres obedecer. “Por não se submeter a isso, Eva
foi expulsa do paraíso, bruxas foram queimadas na Idade Média e mulheres
pensadoras e críticas foram perseguidas e discriminadas ao longo da história.
Até à Maria negou-se o sexo para procriar”, polemizou.
Para ela, é preciso fazer uma
revisão de erros históricos que reduziram a mulher à tarefa de reprodutora
humana. "Somos todos frágeis e limitados", acrescentou a professora,
chamando homens e mulheres simplesmente de “seres viventes”.
Não existiu ao longo da história
e nem atualmente nas grandes universidades nenhuma cátedra para pensar a
filosofia feminista, definida por ela como movimento sociocultural de mulheres
e também de homens que buscam a afirmação de direitos igualitários.
Ao contrário, quando a partir do
século 20 as mulheres quiseram fazer parte da história, esse atrevimento não
foi bem-vindo. “Mulheres pensadoras sempre foram objeto de riso. Desconfia-se
de que as mulheres realmente façam Filosofia ou Teologia”, afirmou a
palestrante, autora de livros e artigos em Teologia e Filosofia na perspectiva
feminista.
A 18ª Semana de Filosofia foi
promovida pelo curso de Filosofia da Universidade Metodista de 10 a 14 de
agosto com o tema “Pensando fora do eixo: outras perspectivas filosóficas”.
Todas as palestras buscaram enfatizar a disposição filosófica para o diálogo,
para aceitar as provocações do “thaumatos” (lidar com o espanto causado pelo
enigma, mistério).
Fonte: www.portal.metodista.br
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