Com toda a pressão para as
mulheres parecerem esticadas, magras e eternamente jovens, a autoobjetificação
infelizmente é a regra nos dias de hoje. Os pesquisadores começam a acreditar
que o autojulgamento não afeta só nosso estado mental – a vergonha do corpo
pode nos deixar fisicamente doentes.
A ideia é que os padrões estritos
de beleza – que contribuem para a vergonha do corpo – muitas vezes fazem as
mulheres se sentirem mal a respeito de suas funções corporais (como menstruação
e suor). Isso pode fazer as mulheres tentar esconder essas funções, o que por
sua vez pode causar problemas de saúde.
Para investigar, a pesquisadora
Jean Lamont, da Universidade Bucknell, realizou dois pequenos estudos.
A preparação
No primeiro estudo, Lamont pediu
que 177 estudantes universitárias respondessem um questionário com frases como
“Sinto vergonha quando tenho de
usar tamanhos maiores de roupa”; “Tenho confiança de que meu corpo vai
comunicar o que é bom para mim”; e “Sempre me sinto vulnerável a doenças”.
As participantes tinham de
responder o quanto concordavam ou discordavam das afirmações. Lamont usou as
respostas para medir a vergonha que cada participante tinha do próprio corpo,
como elas respondiam ao corpo e como avaliavam sua própria saúde.
Depois, as mulheres relataram
quantas infecções tiveram nos últimos cinco anos – como bronquite, pneumonia e
candidíase – além de episódios de náusea, dor de cabeça e diarreia. Cada mulher
também avaliou sua saúde numa escala de um a cinco.
Mas Lamont queria acompanhar os
resultados num prazo mais longo, para garantir que eles não sofressem
influência de depressão, cigarro ou índice de massa corporal (IMC).
Então ela fez uma versão
longitudinal do estudo para controlar essas três variáveis. Nessa versão, ela
pediu que 181 estudantes respondessem o mesmo questionário em dois pontos
diferentes do semestre, uma vez em setembro e outra em dezembro (época em que
há mais ocorrência de doenças infecciosas como gripe, bronquite etc., segundo o
estudo).
Os resultados
Finalizados os dois estudos,
Lamont descobriu que mulheres que tinham mais vergonha do corpo deram notas
mais baixas para sua saúde e relataram mais infecções desde a adolescência. Os
resultados se mantiveram no grupo controlado para depressão, cigarro e IMC.
Além disso, o segundo estudo
mostrou que mulheres com mais vergonha do corpo tiveram mais infecções entre o
primeiro e o segundo questionário. Isso sugere que a vergonha do corpo relatada
pelas mulheres em setembro pode ter contribuído para infecções reportadas em
dezembro.
Por que isso acontece? Lamont
sugere a seguinte correlação: a vergonha do corpo indica má saúde, porque esse
sentimento pode levar as mulheres a prestar menos atenção aos sinais do corpo e
a avaliar incorretamente o estado de saúde.
A conclusão
O estudo levanta a questão: se
tantas mulheres se sentem mal com seus corpos, qual é o real impacto disso na
saúde? Isso é algo que ainda não se sabe – a escala do estudo foi muito
pequena, e os resultados têm limitações, pois Lamont dependia dos sujeitos do
estudo para obter os históricos de saúde (um problema conhecido nesse tipo de
pesquisa).
Ainda assim, os estudos sugerem
que estar de mal com o corpo pode potencialmente prejudicar a saúde física,
além de oferecer insights sobre o porquê dessa relação.
De qualquer modo, que esse estudo
seja mais um motivo para amar o próprio corpo. Sentir-se culpada por um pedaço
de chocolate, ou se penitenciar porque você não é parecida com celebridades ou
modelos photoshopadas pode ter consequências muito mais graves além do mau
humor.
Fonte: Brasil Post
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