Uma candidata a deputada federal pelo PCdoB alega estar
sendo vítima de preconceito pelo próprio partido. Cida Vieira, de 47 anos e
ex-presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), afirma
que desde o início da divulgação dos programas eleitorais na televisão, no dia
19 de agosto, a sigla não exibiu sua candidatura.
Além disso, teria recebido
apenas 30 mil panfletos para divulgação, número inferior aos outros candidatos
da coligação.
“Já fiz uma reclamação ao partido, que insiste em se calar
diante da situação. Minha campanha está fora das ruas por falta de material,
enquanto os outros candidatos possuem diversas produções gráficas. Todos na
Guaicurus perguntam por que não apareço na TV” diz Cida, que ganhou notoriedade
nos últimos anos por liderar movimentos pela valorização das prostitutas e pelo
fim da violência contra as mulheres.
Richard Romano, secretário estadual de organização do
PcdoB-Minas, argumenta que não há qualquer tipo de preconceito ou má vontade do
partido em relação a candidata. Segundo ele, houve uma decisão partidária no
início da corrida eleitoral que decidiu sobre as prioridades no uso do tempo de
TV e de rádio. “Foi comunicado à candidata de que ela aparecerá em programas
que irão ao ar no mês de setembro”, mostra o dirigente.
Apesar dos problemas financeiros enfrentados pelo PCdoB e
confirmados por Richard, o secretário afirma que Cida Vieira recebeu todo o
material que o partido havia se comprometido a fazer – cerca de 30 mil
panfletos, de acordo com a candidata. Ele ainda argumenta que o que for
produzido além disso, é por 'responsabilidade financeira dos próprios'.
O advogado Fernando Lago, representante de Cida Vieira no
caso, afirma que a ação do partido faz com que a candidata seja prejudicada, já
que o PCdoB estaria 'priorizando' as candidaturas de Wadson Ribeiro e Jô Moraes
à Câmara dos Deputados. O jurista diz que já pleiteou, junto à sigla, que a
propaganda seja veiculada.
“Se não conseguirmos resolver deste jeito, pensaremos em
qual medida judicial mais grave pode ser tomada. Talvez uma reclamação formal
ao TRE. Queremos que ela tenha uma divulgação na mesma proporção dos demais
candidatos”, diz.
Mesmo com a grave acusação de que estaria sendo perseguida
pelo histórico de militância pelas prostitutas, Cida não vê uma saída do PCdoB
com bons olhos. “Não sei se sair do partido seria uma solução. Talvez fazermos
mais diálogos internos sobre a questão ajudaria a sanar o problema, que não
atinge apenas as prostitutas, mas também todas as minorias, como os negros, o
público LGBT e por aí”, reflete.
Nas redes
Até por enfrentar problemas com o partido e não possuir
material para a rua, a campanha de Cida Vieira mira o público das redes
sociais. Em agosto, ela publicou seu jingle oficial, feito por um funkeiro e
que conta com uma letra que faz claras referências ao mundo da prostituição.
Fonte: O Tempo
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