Três irmãs italianas da Congregação das Missionárias
Xaverianas de Maria foram assassinadas em dois momentos diferentes no convento
de Kamenge; um crime cujas motivações ainda não foram esclarecidas e que
provocou profunda comoção na população local, que gostava muito das religiosas.
Um crime que provocou a imediata reação do Papa Francisco.
O Pontífice, em uma mensagem dirigida à superiora geral das
xaverianas, a irmã Inés Frizza, diz-se “profundamente consternado pela trágica
morte” das irmãs Lucía Pulici (foto, à direita) e Olga Raschietti (foto, ao
centro) (às quais se somou depois Bernardetta Boggian [foto, à esquerda]) e
indica que espera que “o sangue derramado se converta em semente de esperança
para construir a autêntica fraternidade entre os povos”. O Papa assegura “sua
viva participação na profunda dor” dos familiares e das xaverianas e reza por
estes “generosos testemunhos do Evangelho”.
A reportagem é de Marco Tosatti e publicada no sítio Vatican
Insider, 08-09-2014. A tradução é de André Langer.
Os motivos e a dinâmica dos três assassinatos ainda não
foram esclarecidos. Trabalhou-se com a hipótese de um possível roubo ou de
furor de algum desequilibrado. Mas, até o momento, os investigadores estão
tateando no escuro. O padre Mario Pulcini, superior dos missionários xaverianos
no Burundi, conta como foram descobertos os corpos. “Um episódio inteiramente
inesperado, uma profunda dor”, disse o religioso à Misna, a agência de notícias
dos xaverianos. “Eram 16h de ontem [domingo], a irmã Bernardetta veio ao meu
escritório para me perguntar se tinha notícias das irmãs Lucía e Olga, que
ficaram em casa enquanto ela e a irmã Mercedes foram ao aeroporto para pegar
outras duas irmãs que estavam voltando ao Burundi do Capítulo Geral em Parma.
Estavam preocupadas, sobretudo, porque dentro da casa não havia sinais de vida,
tudo estava fechado e as cortinas estavam fechadas”, indicou o padre Pulcini.
O religioso tentou telefonar para as irmãs, mas ninguém
atendeu. “Os guardas do portão não as viram sair. Uma rápida busca pelo bairro,
pelas casas de algumas pessoas doentes que recebiam a visita das irmãs,
sobretudo aos domingos, não deu resultados. Estava diante da porta de entrada,
com a intenção de forçar a fechadura, quando a porta se abriu e apareceu a
Bernardetta, consternada. Encontrou aberta uma porta lateral da sua casa e, uma
vez dentro, encontrou os corpos sem vida das irmãs Olga e Lucía”. Imediatamente
comunicaram as autoridades civis, militares, judiciais e religiosas. A polícia
chegou ao lugar dos fatos e começou com as averiguações e interrogatórios, em
particular ao pessoal da casa.
As religiosas decidiram ficar em seus quartos habituais,
apesar do ocorrido. “Depois, esta noite – disse o padre Pulcini –, as irmãs me
ligaram novamente, porque temiam que o agressor ainda pudesse estar na casa.
Vesti-me e fui acompanhado de um irmão. Entramos e revisamos os quartos:
encontramos a irmã Bernardetta no chão em seu quarto e na mesma posição que as
outras duas”. “Aqui todos estamos em estado de choque”, prosseguiu o padre
Pulcini. “É algo muito grande, pode ser uma vingança; pode ser que tenha havido
algo com alguém... Mas não conseguimos encontrar nenhuma justificativa para
estes crimes tão brutais. Estamos procurando nos bairros, perguntando
aleatoriamente”.
Uma testemunha, Jean Marie Niyokuru, indicou que havia visto
“um homem escalar o muro do convento, e depois havia gente que dizia que as
irmãs haviam sido decapitadas com uma faca”. As três irmãs haviam retornado ao
Burundi apesar das suas condições de saúde, que não eram das melhores. “Eram
três irmãs missionárias anciãs com grandes problemas de saúde que acabavam de
retornar ao Burundi porque desejavam estar no meio do seu povo”, contou a irmã
Giordana, a diretora-geral das xaverianas de Parma. A religiosa acrescentou:
“Estamos muito tristes. A população local está tão surpresa quanto nós, e a
missão está cheia de gente que vai expressar sua solidariedade às religiosas”.
Fonte: Ihu
Nenhum comentário:
Postar um comentário