terça-feira, 9 de setembro de 2014

Assassinadas três irmãs anciãs religiosas italianas

Três irmãs italianas da Congregação das Missionárias Xaverianas de Maria foram assassinadas em dois momentos diferentes no convento de Kamenge; um crime cujas motivações ainda não foram esclarecidas e que provocou profunda comoção na população local, que gostava muito das religiosas. Um crime que provocou a imediata reação do Papa Francisco.

O Pontífice, em uma mensagem dirigida à superiora geral das xaverianas, a irmã Inés Frizza, diz-se “profundamente consternado pela trágica morte” das irmãs Lucía Pulici (foto, à direita) e Olga Raschietti (foto, ao centro) (às quais se somou depois Bernardetta Boggian [foto, à esquerda]) e indica que espera que “o sangue derramado se converta em semente de esperança para construir a autêntica fraternidade entre os povos”. O Papa assegura “sua viva participação na profunda dor” dos familiares e das xaverianas e reza por estes “generosos testemunhos do Evangelho”.

                 
A reportagem é de Marco Tosatti e publicada no sítio Vatican Insider, 08-09-2014. A tradução é de André Langer.

Os motivos e a dinâmica dos três assassinatos ainda não foram esclarecidos. Trabalhou-se com a hipótese de um possível roubo ou de furor de algum desequilibrado. Mas, até o momento, os investigadores estão tateando no escuro. O padre Mario Pulcini, superior dos missionários xaverianos no Burundi, conta como foram descobertos os corpos. “Um episódio inteiramente inesperado, uma profunda dor”, disse o religioso à Misna, a agência de notícias dos xaverianos. “Eram 16h de ontem [domingo], a irmã Bernardetta veio ao meu escritório para me perguntar se tinha notícias das irmãs Lucía e Olga, que ficaram em casa enquanto ela e a irmã Mercedes foram ao aeroporto para pegar outras duas irmãs que estavam voltando ao Burundi do Capítulo Geral em Parma. Estavam preocupadas, sobretudo, porque dentro da casa não havia sinais de vida, tudo estava fechado e as cortinas estavam fechadas”, indicou o padre Pulcini.

O religioso tentou telefonar para as irmãs, mas ninguém atendeu. “Os guardas do portão não as viram sair. Uma rápida busca pelo bairro, pelas casas de algumas pessoas doentes que recebiam a visita das irmãs, sobretudo aos domingos, não deu resultados. Estava diante da porta de entrada, com a intenção de forçar a fechadura, quando a porta se abriu e apareceu a Bernardetta, consternada. Encontrou aberta uma porta lateral da sua casa e, uma vez dentro, encontrou os corpos sem vida das irmãs Olga e Lucía”. Imediatamente comunicaram as autoridades civis, militares, judiciais e religiosas. A polícia chegou ao lugar dos fatos e começou com as averiguações e interrogatórios, em particular ao pessoal da casa.

As religiosas decidiram ficar em seus quartos habituais, apesar do ocorrido. “Depois, esta noite – disse o padre Pulcini –, as irmãs me ligaram novamente, porque temiam que o agressor ainda pudesse estar na casa. Vesti-me e fui acompanhado de um irmão. Entramos e revisamos os quartos: encontramos a irmã Bernardetta no chão em seu quarto e na mesma posição que as outras duas”. “Aqui todos estamos em estado de choque”, prosseguiu o padre Pulcini. “É algo muito grande, pode ser uma vingança; pode ser que tenha havido algo com alguém... Mas não conseguimos encontrar nenhuma justificativa para estes crimes tão brutais. Estamos procurando nos bairros, perguntando aleatoriamente”.

Uma testemunha, Jean Marie Niyokuru, indicou que havia visto “um homem escalar o muro do convento, e depois havia gente que dizia que as irmãs haviam sido decapitadas com uma faca”. As três irmãs haviam retornado ao Burundi apesar das suas condições de saúde, que não eram das melhores. “Eram três irmãs missionárias anciãs com grandes problemas de saúde que acabavam de retornar ao Burundi porque desejavam estar no meio do seu povo”, contou a irmã Giordana, a diretora-geral das xaverianas de Parma. A religiosa acrescentou: “Estamos muito tristes. A população local está tão surpresa quanto nós, e a missão está cheia de gente que vai expressar sua solidariedade às religiosas”.


Fonte: Ihu

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