A indústria do tráfico humano fatura bilhões de dólares
anualmente, levando uma grande quantidade de pessoas para uma vida degradante,
de escravidão para o trabalho, para a exploração sexual e outras formas de
abuso.
“Nós sabemos que tivemos a escravidão transatlântica e que
isso acabou há mais de 200 anos. Agora temos novas formas de escravidão. E o
tráfico humano é parte disso. O tráfico humano é a escravidão dos tempos
modernos”, afirma a relatora especial da ONU sobre o Tráfico Humano, Joy Ngozi
Ezeilo.
Embora não se saiba o número exato de pessoas traficadas, a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimava em 2012 que 20,9 milhões
de pessoas são vítimas de trabalho forçado globalmente, número que inclui as
vítimas de tráfico de seres humanos para exploração laboral e sexual.
Até o final de 2014, o Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crime (UNODC) lançará, em Viena, na Áustria, um relatório específico
sobre o tráfico humano.
A Itália é o destino preferido para migrantes da África, do
Leste Europeu e da Ásia que tentam fugir da pobreza e do conflito. Muitas
vezes, porém, acabam vítimas de redes de tráfico internacionais.
O país tem leis de proteção de vítimas desse tipo de crime,
mas sua capacidade para identificá-las é bastante limitada e, como
consequência, podem acabar presas e deportadas.
A convite do governo italiano, Ezeilo visitou o país para
acompanhar os procedimentos e apontar melhorias. Este vídeo mostra um pouco das
histórias que ela viu e ouviu, responde como as autoridades devem combater a
prática e quais são os procedimentos de proteção dessas pessoas.
Tragédias no mar
Em março de 2014, os italianos resgataram pelo menos 2 mil
pessoas a bordo de mais de uma dúzia de barcos superlotados, com mais a caminho
em meio a condições meteorológicas calmas. De acordo com informações da
imprensa, pelo menos dois suspeitos de tráfico humano foram detidos.
A busca pelo sonho de uma vida melhor não raro acaba em
tragédia. Em outubro de 2013, mais de 360 migrantes morreram afogados quando um
barco superlotado naufragou perto da ilha italiana de Lampedusa. Foi um dos
acidentes com maior número de mortes da história recente.
Um compromisso com as
vítimas
Ezeilo, que não recebe salário da ONU para desempenhar a
função de relatora especial — assim como todos os demais especialistas
independentes das Nações Unidas –, muitas vezes coloca a própria vida em risco
para chegar até as vítimas.
Ela afirma que sua motivação está em todos aqueles que
sequer serão encontrados vivos e nos pais que nunca saberão exatamente o que
aconteceu com os filhos. “É um comprometimento não só com a humanidade, é um
comprometimento com as vítimas do tráfico”, explica.
Fonte: www.onu.org.br
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