O levantamento do Ipea confirmou a permanência de um velho
ditado sexista: o de que existe uma mulher para casar, e uma outra só para o
sexo. Mais da metade dos entrevistas (54,9%) concorda total ou
parcialmente que “tem mulher que é pra
casar, tem mulher que é pra cama”.
A avaliação negativa sobre a vida sexual das mulheres não para
por aí: mais de um quarto da população entrevistada (27,2%) avalia, total ou
parcialmente, que “a mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo
quando não tem vontade”.
O estudo enfatiza que “classificar as mulheres de acordo com
seu comportamento sexual, avaliando-o sob a perspectiva masculina, e considerar
que mulheres sexualmente livres não são boas companheiras são ideias que
evidenciam de forma gritante o sexismo presente em nossa sociedade”.
A imagem de uma mulher com vida sexual restrita é
corroborada por uma outra descoberta da pesquisa: a de que metade dos
entrevistados (50,9%) concorda totalmente que toda mulher sonha em se casar. Da
mesma forma, quase 60% dos respondentes disseram concordar total ou
parcialmente que uma mulher só se sente realizada quando tem filhos.
No estudo, o Ipea conclui que essas impressões sobre os
desejos das mulheres são compatíveis com a ideia de que elas somente podem
encontrar a plenitude numa relação estável com um homem, ou, ainda, de que
depende de um companheiro que a sustente. O pensamento também mostra uma imagem
de mulher mais recatada e com menos desejos sexuais, não almejando, portanto,
uma vida de solteira ou de muitos parceiros.
Além disso, quase 64% dos entrevistados acham que
"homens devem ser a cabeça do lar". Também a maioria (79%) concordou
total ou parcialmente com a ideia de que "toda mulher sonha em se
casar". Algo que, para os autores, estampa a noção estereotipada sobre
desejos e ideais das mulheres.
O pensamento não destoa da condescendência apresentada pelos
brasileiros em relação às brigas familiares. Embora digam que lugar de agressor
de mulher é na prisão, a maioria (82%) dos entrevistados concorda com a frase
de que "o que acontece com o casal em casa não interessa aos outros".
Nessa linha, 78,7% dizem que "em briga de marido e mulher não se mete a
colher" e 89%, que "roupa suja se lava em casa".
Entrevistados
O Ipea ouviu, entre maio e junho de 2013, 3.810
entrevistados de todas as regiões do País. Destes, 56,7% eram do Sul e do Sudeste e 29,1%, residentes em áreas
metropolitanas. Em relação à faixa etária, 28,5% eram jovens entre 16 e 29
anos; 52,4% tinham entre 30 e 59 anos e 19,1% eram idosos com 60 ou idade
superior.
Dos que participaram do levantamento, 66,5% eram mulheres;
38,7%, brancos; 65,7%, católicos; 24,7%, evangélicos e 9,6%, pertencentes às
demais religiões, ateus e sem religião.
No que diz respeito ao grau de escolaridade, 41,5% daqueles
que fizeram parte da sondagem tinham menos do que o ensino fundamental; 22,3%,
o ensino fundamental; 30,8%, ensino médio e 5,4%, ensino superior.
A renda domiciliar per capita média dos entrevistados era de
R$ 531,26.
Fonte: Noticias R7
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