O Papa Francisco denunciou nesta quarta-feira a praga social
da venda de seres humanos no Brasil, em uma mensagem enviada para o início da
Campanha da Fraternidade que abordará o tráfico de pessoas.
O papa Francisco pediu aos brasileiros nesta quarta-feira,
5, que se mobilizem contra o tráfico de pessoas. O pontífice também afirmou que
a "dignidade é igual para todos", em mensagem enviada aos católicos
brasileiros. "Não é possível permanecer indiferentes sabendo que existem
seres humanos comprados e vendidos como mercadorias! Tenhamos em conta as
crianças das quais se tiram órgãos, as mulheres enganadas e obrigadas a se prostituirem,
os trabalhadores sem direito e sem voz", disse Francisco, no Vaticano.
Em seu discurso, o papa ainda pediu que os fiéis refletissem
durante a Páscoa sobre os abusos que acontecem dentro das próprias famílias.
"Pais que escravizam seus filhos, filhos que escravizam seus pais,
cônjuges que se esqueceram da chamada para este dom, se exploram como se fossem
produtos de consumo, de usar e jogar fora, velhos sem lugar na sociedade e
crianças e adolescentes sem voz", completou. Segundo Francisco, "quando
se atinge a liberdade do outro, também se atinge a minha. É para liberdade que
Cristo nos libertou", concluiu.
Mensagem integra
No Brasil, com o início da Quaresma, a CNBB – Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, lança oficialmente a Campanha de Fraternidade
2014, desta vez centrada no tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e tendo como
lema a expressão paulina “Foi para sermos livres que Cristo nos libertou”. A
quinquagésima edição desta Campanha anual prevê uma série de iniciativas de
sensibilização, formação e oração, visando ajudar a compreender melhor o
fenómeno do tráfico humano, para preparar “agentes pastorais” que sejam
“antenas” nas comunidades empenhadas nesta luta. Só no Brasil, calcula-se que
haja pelo menos 200 mil pessoas reduzidas à escravidão.
Como é
tradição, o Santo Padre enviou uma mensagem de encorajamento e apoio a esta
Campanha da Fraternidade. Afirma nomeadamente o Papa Francisco: “Não é possível
ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria!
Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e
obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz,
etc. Isso é tráfico humano! Impõe-se um profundo exame de consciência: quantas
vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para
vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? … Quem usa e explora
mesmo indiretamente, uma pessoa humana, torna-se cúmplice desta prepotência” –
adverte o Papa, evocando um seu discurso a um grupo de Embaixadores.
Papa Francisco lembrou também “a prepotência” que tantas
vezes reina no interior das famílias: “Pais que escravizam os filhos, filhos
que escravizam os pais; esposos que, esquecidos da sua chamada para o dom, se
exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora;
idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos valores
basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há
necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria
da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é
negada?” – interroga-se o Papa Francisco, que concluiu chamando a atenção para
o facto de que, só ofenda a dignidade humana de alguém quem perdeu o sentido da
sua própria dignidade de filho e filha de Deus. A dignidade humana é igual em
todo o ser humano: quando a piso no outro, estou pisando a minha. Foi para a
liberdade que Cristo nos libertou!”
Radio Vaticana
Nenhum comentário:
Postar um comentário