“Há párocos do “venhais vós ao nosso reino”. Jamais se
preocupam de, espontaneamente, ir ao
encontro de seus paroquianos. Frei Cláudio é um pastor dedicado às suas ovelhas. Visita com frequência as famílias da
paróquia nos bairros Carmo e Sion. Em
especial, aquelas que se encontram em dificuldades.” Frei Betto
Cláudio Van Balen não pode falar. Depois de enfrentar um dos
maiores desafios de sua vida religiosa, em que sua posição de vida incomodou a
hierarquia da igreja Católica e quase foi forçado a abandonar a Paróquia Nossa
Senhora do Carmo, o que esse holandês de 78 anos quer é ficar em silêncio. Pelo
menos para a imprensa. Porque para os frequentadores da paróquia do Carmo, onde
vive há 43 anos e é conhecido por frei Cláudio, ele não muda nunca. Sua
filosofia de vida, em que a cidadania é também um ato de fé, transformou seus
fiéis. Aliás, foram essas pessoas que montaram a partir de uma visão um tanto
particular, o significado do religioso para cada um deles e para as comunidades
das regiões do Carmo.
Os amigos cultivam em frei Cláudio um tipo de herói incomum,
que motiva admiração, mas ao mesmo tempo chama todo mundo para participar do
feito. Vigário de uma paróquia que agrega regiões que apontam para duas Belo
Horizonte – a dos bairros desenvolvidos como o Cruzeiro, Carmo, Anchieta, Sion,
mas também para a desigualdade dos aglomerados – frei Cláudio segue à risca em
suas ações o preceito de que todos são iguais aos olhos de deus. Há 25 anos, o
técnico em enfermagem e morador do Morro do Papagaio, João do Carmo, estava
passando por situação-limite na creche grupo Amigo da Criança. O desafio era
consolidar a instituição, que era primordial para as crianças do local. “não
sabia o que fazer, as crianças estavam passando fome, as mães estavam cobrando
uma solução. À noite sonhei que tinha ido à igreja do Carmo”, conta. O encontro
com frei Cláudio traduziu-se num apoio que foi constante durante todos esses
anos e que tem rendido vários frutos.
Há dois anos, as visitas constantes dos vicentinos aos
enfermos e pessoas com deficiência do morro gerou um novo projeto, também com o
apoio de frei Cláudio. Essas pessoas estão recebendo banheiros adaptados para
possibilitar maior dignidade e mobilidade. Uma das primeiras doações para essas
construções veio do vigário da Paróquia do Carmo que repassou 12 mil reais
recebidos de herança de uma irmã. “Ele nos falou que dava aquele dinheiro com
todo carinho. Frei Cláudio tem um carisma muito especial. Ele é tranquilo,
firme em sua espiritualidade. Tudo que ele fala, a gente entende”, afirma João
do Carmo.
Essa compreensão ultrapassa bairros e vai buscar aquele
católico já cansado dos ritos e discursos da igreja. O que procura algo
diferente. Foi o que aconteceu com o especialista em trânsito e assuntos
urbanos, José Aparecido Ribeiro. Ele frequentou as igrejas da Vila Paris,
Lourdes, Boa Viagem, São Judas Tadeu, São Sebastião, Mãe da Igreja, Belvedere.
Nenhuma, em sua opinião, motivava o fiel a uma reflexão maior.
“Frei Cláudio usa a palavra e o conhecimento de maneira
muito acessível. Sua mensagem nos leva à paz, mas também à responsabilidade.
Ele nos convida a ser cidadãos e isso tudo pregando e praticando uma religião
que não nos infantiliza”. Ribeiro frequenta a Igreja do Carmo há cinco anos.
Talvez um dos maiores aprendizados que veio com as reflexões de frei Cláudio
foi o da responsabilidade que cada um tem com o seu próprio destino. “Ele
propõe uma religiosidade adulta em que Deus não é punitivo, mas benevolente,
sempre disponível. E o mais importante, ele não precisa de mediadores e nem de
representantes. Bastam só eu e ele”, refle- te o especialista.
Essa capacidade de agregar pessoas é uma das características
citadas por frei Betto para designar o amigo desde os anos 70. Frei Cláudio
desafiou a ditadura militar em falas públicas e cartas ao amigo Betto,
publicadas no livro Cartas da Prisão, em que o apoiava, além das visitas
rotineiras à família que era sua paroquiana. “Ele é o pároco mais eficiente que
já conheci em termos de organizar e dinamizar uma paróquia. Cláudio tem uma
coisa rara na igreja Católica, o atendimento personalizado aos seus fiéis. Ele
conhece as pessoas pelo nome, dá atenção, além de ser uma pessoa extremamente
aberta, ecumênica, sem pre-conceitos, na linha de um discípulo de jesus”,
observa frei Betto.
Não há como falar da vida de frei Cláudio antes do Brasil.
Quem poderia fazê-lo é o próprio religioso, que preferiu não se posicionar
nesta entrevista. Talvez um dos amigos mais antigos do frei seja o médico
Lermino Pimenta, 78 anos. foi preciso ele atravessar o Atlântico e aportar em
terra francesa para ouvir falar, pela primeira vez, em frei Cláudio Van Balen,
um holandês alto e magro que viria a conhecer pouco tempo depois. Era 1966, em
viagem para fazer uma pós-graduação, Pimenta encontrou-se com um frade
carmelita brasileiro. Conversa vai e vem, a pergunta inevitável da origem levou
Pimenta a falar sobre o bairro Carmo e a rua Grão Mogol, onde morava em Belo
Horizonte. “Você vai encontrar a paróquia do Carmo completamente mudada”,
antecipou o frei ao jovem médico, que não frequentava a igreja porque não
gostava da posição política da instituição, que considerava de direita e ligada
à organização Tradição, Família e Propriedade ( TFP).
“É um homem extremamente humano. Quando perdi meu irmão em
acidente de aviação, ele foi o primeiro a chegar à minha casa para consolar-me.
quando fui operado de ponte de safena, ele levava a comunhão. É sempre amigo,
leal, franco”, diz.
Entre um dos casos mais emocionantes de que se lembra, está
a morte de um cachorro do filho, nos anos 70, quando o menino ainda estava com
10 anos. Transtornado, o garoto foi à igreja conversar com frei Cláudio. Voltou
alegre. “Ele ficou mais de uma hora conversando com o meu filho porque sabia da
importância daquele animal de estimação para ele”.
O homem sem medo que lutou contra a transposição do rio São
Francisco e tem opiniões contundentes sobre aborto, eutanásia em artigos que
estão na internet sob críticas severas dos católicos mais ortodoxos, é
considerado um revolucionário para seus fiéis. É o caso do engenheiro e
empresário Carlos Roberto Vasconcelos, o Tim, que admira o frei principalmente
pelo fato de ele sempre estimular as pessoas a exercer a cidadania, a refletir
sobre as questões ambiental, social. Frei Cláudio batizou os filhos de tim e
também seus três netos. “Ele forma, antes de tudo, um cidadão. Quando ele ficou
contra a transposição do rio São Francisco, teve coragem, independência.
Autêntico e sincero, tem pontos de vista muito bem definidos e exterioriza isso
de uma maneira muito clara”.
Talvez seja por isso que um fato inédito ocorreu com a
possibilidade de frei Cláudio sair da paróquia do Carmo. Houve uma mobilização
dos frequentadores para que isso não acontecesse. Foi uma mobilização, segundo
os amigos, que nas- ceu da empatia do frei com os fiéis. O médico Lermino
Pimenta conta, por exemplo, que tão logo conheceu frei Cláudio no final dos
anos 60, ele uniu-se ao religioso em seu trabalho e foi o primeiro médico a
atender nas obras assistenciais da Igreja do Carmo. para ele, frei Cláudio é
mais do que um padre. “Ele atualiza a liturgia”, diz.
Sua mulher, Eliane Pacheco Pimenta, 70, reforça que essa
aproximação foi porque, antes de tudo, frei Cláudio se tornou o principal
representante da renovação teológica. “O tempo todo ele sempre defendeu a
questão da fé como uma via de libertação da pessoa e não de seu
aprisionamento”. Essa modificação traduziu-se num trabalho voluntário sem
precedentes na paróquia do Carmo. São cerca de 500 voluntários e um ambulatório
médico que atende cerca de 3.000 pessoas por mês. “O grande compromisso do frei
Cláudio é mostrar a verdadeira face de jesus Cristo. Qualquer pessoa ligada,
muito ou pouco, ao frei sente que pode contar porque ele é realmente um irmão.
Ele nos faz muito bem”, completa o médico Lermino Pimenta que, juntamente a
outros fiéis e admiradores, deram voz a frei Cláudio nessa matéria.
Fonte: Revista Viver Brasil
Um comentário:
Vcs estão cegos?? os ensinamento destes hereges(Claudio e Betto)vão diretamente contra Jesus a Bíblia e os ensinamentos da Igreja,quem aceitas os ensinamentos desse hereges não é católico,e muito provavelmente queimara no inferno com os dois,a menos que se arrependam e peçam a misericórdia do Senhor
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