Durante missas e discursos, o agora papa Francisco criticava
duramente a desigualdade social argentina quando era arcebispo de Buenos Aires,
capital do país e denunciou repetidamente a exploração humana e o tráfico de
seres humanos.Assumiu posições próximas das classes desfavorecidas,
lamentando a sorte das «meninas que deixam as bonecas para entrar em tugúrios
da prostituição, por terem sido roubadas, vendidas e traídas».
Jorge Mario Bergoglio disse, em uma missa no bairro de
Constituición, que na capital argentina “se cuida melhor de um cachorro do que
de um irmão” e que a cidade fracassou e segue fracassando no combate à
escravidão.
“A escravidão não está abolida nesta cidade [Buenos Aires]”,
disse o arcebispo a fiéis. “Nesta cidade se explora trabalhadores em oficinas
clandestinas e, se são imigrantes, os priva da possibilidade de saírem dali.”. O
cardeal Jorge Mario Bergoglio afirmou: “para muitos, nossa cidade é uma
exploradora de pessoas, que destroça as vidas, quebre a vontade e tira a
liberdade”.
O purpurado disse que há na cidade “escravos que trabalham
para estes senhores que têm em suas mãos o tráfico (de pessoas), a prostituição”,
e garantiu que estas “verdadeiras máfias” sustentam suas redes “por suborno”.
Fazendo referência à parábola do Bom Samaritano, o cardeal
Bergoglio indicou que “nesta cidade se fazem sacrifícios humanos, mata-se a
dignidade destes homens e mulheres, destes meninos e meninas submetidos ao
tráfico, à escravidão". "Não podemos ficar tranquilos. Esta cidade
está cheia de homens e mulheres, de crianças maltratadas pelos caminhos."
As falas polêmicas do agora papa Francisco eram frequentes.
Em outra missa, chamou a dívida social do país de “imoral, injusta e
ilegítima”. Para ele, a definição de dívida social é a “violação do direito de
desenvolver uma vida plena, ativa e digna em um contexto de liberdade,
igualdade, oportunidade e progresso social”.
Bergoglio disse que “há de julgar a dívida social como
imoral, injusta e ilegítima” devido ao “reconhecimento social que se tem acerca
dos graves danos e consequências sobre a vida, o valor da vida e, portanto,
sobre a dignidade humana”.
Ele afirmou que a “maior imoralidade” da dívida social,
segundo os bispos argentinos, “ocorre em uma nação que tem condições objetivas
para evitar ou corrigir tais danos, mas que lamentavelmente parece lutar para
agravar ainda mais a desigualdade. Isso disseram [os bispos do país] em 2004”.
Segundo Francisco, a dívida “está arquivada entre quem tem a
responsabilidade moral ou política de tutelar e promover a dignidade das
pessoas e seus direitos e aquelas partes da sociedade que têm vulnerado seus
direitos”.
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