O deputado federal pelo Rio de
Janeiro, Jean Wyllys compartilhou em sua página oficial no facebook na tarde
de quinta feira (28) o documentário da jornalista de Cuiabá, Isabela Mercuri,
"Puta porque sim: quando a prostituição é feminismo", que dá voz as
prostitutas de quatro estados do Brasil que estão na profissão por escolha
própria. Ele ainda menciona que foi convidado a dar entrevista para o filme, mas
que não pode por questões de agenda.
Abordar e colocar em discussão
temas que estão fora de nossa realidade incomoda tanto algumas pessoas que por
isso preferem ignorá-los ao invés de entendê-los. Entender não significa tomar
partido, mas apenas “captar a intenção, perceber a razão” como diz o
dicionário, e a partir dessa compreensão respeitar o outro.
Entendimento, respeito e garantia
de direitos é o que propõe o documentário “Puta porque sim: quando a
prostituição é feminismo”, da jovem jornalista Isabela Mercuri. Uma introdução
de empoderamento feminino já prepara o expectador para o tema em questão e
revela suas protagonistas: mulheres cis e trans, putas por que querem, muitas
vezes marginalizadas por esta escolha.
“Joga pedra na Geni, joga bosta
na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um,
maldita Geni”. A interpretação viva e intensa de Letícia Sabatella da canção
clássica de Chico Buarque ilustra uma realidade de preconceito, estigma social,
marginalização de mulheres que declaram durante o filme serem silenciadas até
mesmo por movimentos que dizem lutar pelo empoderamento feminino.
O filme não teve orçamento, não
teve patrocínio. Foi realizado com auxílio de amigos, partindo da vontade de
uma ainda estudante de jornalismo sair de sua zona de conforto e entender uma
realidade distante da sua e respeitá-la. Depois de uma introdução ao feminismo
durante seu intercâmbio no Canadá, Isabela viu a pregação óbvia de que
prostitutas são apenas mulheres que tem seus corpos explorados. Mas ao voltar
para o Brasil uma entrevista na Revista Fórum com a neta da maior ativista
favorável a regulamentação da prostituição, Gabriela Leite, lhe chamou a
atenção para outras vozes dentro deste contexto.
“Eu tinha a ideia de que a
prostituição era só uma exploração daquelas mulheres, foi ai que eu vi a
entrevista da Gabriela Leite. A partir daí eu decidi que queria conhecer outros
pontos de vista, comprei o livro da Gabriela e depois da Lola Benvenutti e
comecei a enxergar as outras realidades e opiniões do assunto”.
Produzido como trabalho de
conclusão do curso de jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),
o documentário foi filmado em dois meses com locações em quatro estados: Mato
Grosso, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
As protagonistas foram contatadas
pelo facebook. “Procurava as páginas das associações de prostitutas de todo o
país no facebook, quando encontrava adicionava a presidente para conversar e
falar do meu projeto, pedir indicações para entrevistas”.
No decorrer da produção do filme,
Isabela descobriu uma grande defasagem na luta por melhorias da profissão
prostituta, que é a falta de organização e conhecimento das próprias
profissionais. “Poucos estados possuem Associação porque a maioria delas tem
medo de mostrar o rosto e defender sua realidade por conta do preconceito
social. Algumas até recusam a regulamentação por não entenderem o que essa
conquista significa e quais as melhorias que traria”.
O deputado federal Jean Wyllys é
quem encabeça o projeto de lei “Lei Gabriela Leite” que defende a
regulamentação da prostituição, que foi criado inicialmente por Fernando
Gabeira durante seu mandato entre 1995-2011 e arquivado, sendo reformulado por
Wyllys.
Sobre o documentário “Puta porque
sim”, Jean comentou: “Em 2014 recebi um convite para um documentário que,
infelizmente, por questões de agenda, não pude participar, mas que agora ficou
pronto e traz uma importante visão sobre a regulamentação da prostituição como
atividade profissional de fato reconhecida e detentora de direitos e proteção,
sobre a decisão voluntária pela prostituição, e sobre como o feminismo pode sim
convergir e conversar com o movimento das prostitutas pelo reconhecimento de
sua cidadania. Independentemente da sua opinião sobre o tema, vale a pena
assisti-lo!”.
O documentário é um letreiro
luminoso de bordel que pisca e avisa que existe sim prostitutas que gostam do
seu trabalho, que defendem sua realidade: Puta por que sim, sim!
Fonte: http://www.olhardireto.com.br/
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