Continuará a procurar o reino de Deus e a Sua justiça,
identificando-se com os mais pobres e desprezados. Se um dia o executam no
suplicio da cruz, reservado para escravos, morrerá como o mais pobre e
desprezado, mas com a Sua morte selará para sempre a sua fé num Deus que quer a
salvação do ser humano de tudo o que o escraviza.
Por José Antonio
Pagola
Mt 21, 1-11
A execução de João Batista não foi algo casual. Segundo uma
ideia muito difundida pelo povo judeu, o destino que espera o profeta é a
incompreensão, a rejeição e, em muitos casos, a morte. Provavelmente, Jesus
contou desde muito cedo com a possibilidade de um final violento.
Jesus não foi um suicida nem procurava o martírio. Nunca
quis o sofrimento nem para Ele nem para ninguém. Dedicou a Sua vida a
combate-lo na doença, nas injustiças, na marginalização ou no desespero. Viveu
entregue a "procurar o reino de Deus e a sua justiça": esse mundo
mais digno e ditoso para todos, que procura o Seu Pai.
Se aceita a perseguição e o martírio é por fidelidade a esse
projeto de Deus que não quer ver sofrer os Seus filhos e filhas. Por isso, não
corre para a morte, mas tampouco recua. Não foge ante as ameaças, tampouco
modifica nem suaviza a Sua mensagem.
Teria sido fácil evitar a execução. Teria bastado com
calar-se e não insistir no que podia irritar no templo ou no palácio do
prefeito romano. Não o fez. Segui o Seu caminho. Preferiu ser executado antes
de atraiçoar a Sua consciência e ser infiel ao projeto de Deus, Seu Pai.
Aprendeu a viver num clima de insegurança conflitos e
acusações. Dia a dia foi-se reafirmando na Sua missão e continuou anunciando
com claridade a Sua mensagem. Atreve-se a difundi-la não só nas aldeias
retiradas da Galileia, mas também no enquadramento perigoso do templo. Nada o
deteve.
Morrerá fiel ao Deus em que confiou sempre. Seguirá
acolhendo a todos, inclusive a pecadores e indesejáveis. Se acabam por rejeitá-Lo,
morrerá como um "excluído" mas com a Sua morte confirmará o que foi
toda a Sua vida: confiança total num Deus que não rejeita nem exclui ninguém do
Seu perdão.
Continuará a procurar o reino de Deus e a Sua justiça,
identificando-se com os mais pobres e desprezados. Se um dia o executam no
suplicio da cruz, reservado para escravos, morrerá como o mais pobre e
desprezado, mas com a Sua morte selará para sempre a sua fé num Deus que quer a
salvação do ser humano de tudo o que o escraviza.
Os seguidores de Jesus, descobrimos o Mistério último da
realidade, encarnado no Seu amor e entrega extrema ao ser humano. No amor desse
crucificado está Deus mesmo identificado com todos os que sofrem, gritando
contra todas as injustiças e perdoando os verdugos de todos os tempos. Neste
Deus pode-se acreditar ou não acreditar, mas não é possível escarnecer Dele.
Nele confiamos os cristãos. Nada o deterá no Seu empenho de salvar os Seus
filhos.
Tradução: Antonio Manuel Álvarez Pérez
Fonte: Fe Adulta
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