terça-feira, 15 de abril de 2014

Vila Mimosa busca patrocínio para reformar espaço e criar Museu do Sexo

Inspirado nos traços de Oscar Niemeyer, projeto Cidade das Meninas, do arquiteto Guilherme Ripardo, prevê uma área construída de 1.825 metros 
Situada nas imediações do Maracanã, a Vila Mimosa, na Praça da Bandeira — famoso ponto de prostituição do Rio —, também traça planos para aproveitar a proximidade da Copa do Mundo. Os principais projetos que podem sair do papel agora são a nova Vila Mimosa, batizada de Cidade das Meninas, do arquiteto Guilherme Rodrigues Ripardo, e o Museu do Sexo. Durante os jogos do Brasil na Copa, haverá uma programação especial na Vila Mimosa.

“Estamos buscando parcerias com instituições privadas, inclusive internacionais, e governamentais, para construir a Cidade das Meninas e o Museu do Sexo, orçados em mais de R$ 4 milhões. Já há empresários estrangeiros interessados em patrocinar as obras”, garante Cleide Almeida, assistente social da Associação dos Moradores do Condomínio Amigos da Vila Mimosa (Amocavim).



Cleide, da associação, procura parcerias para desengavetar projetos

Inspirados em traços de Oscar Niemeyer, o projeto da nova Vila Mimosa é dividido em dois complexos com cinco módulos, num total de 1.825 metros quadrados. O projeto inclui espaço para anfiteatro, desfiles de moda, salas para cursos, creche, estacionamento para 70 carros, posto de saúde e escritórios.

Já o futuro Museu do Sexo, segundo Cleide, prevê fotos, filmes, réplicas de roupas, recortes de jornais e documentos, entre eles carteirinhas funcionais de prostitutas que as profissionais do sexo eram obrigadas a usar por ordem da polícia nos anos 70. A ideia é reunir um acervo desde os primórdios da Vila Mimosa, no século 19, quando ela se localizava na então Zona do Mangue, até o atual endereço, na Rua Sotero dos Reis.


A dois meses da Copa, a Vila Mimosa está atraindo também novas mulheres. Atualmente, de acordo com a Amocavim, cerca de 4.500 garotas de programa se revezam 24 horas por dia em 150 imóveis. No ano passado eram 3.500. “A maioria das que estão chegando é de jovens”, diz Cleide, ressaltando que as prostitutas mais antigas estão indo embora da Vila.

J., de 18 anos, conta que está há apenas três meses na Vila Mimosa, onde diz ganhar até R$ 700 por dia. “Entrei nessa vida por falta de opção e para ajudar em casa, pois tenho oito irmãos”, alega a jovem, acrescentando que não quer viver da prostituição. “Só vou juntar dinheiro para abrir uma loja”, planeja ela.

G., de 19, também é nova no local: “Quem sabe não conheço um turista gringo rico e me mando com ele para o exterior depois da Copa?”, sonha. V., 43 anos, é uma das que abandonaram o prostíbulo. “Fiquei 20 anos lá (na Vila Mimosa). Ganhei um dinheiro que deu para construir minha casa e sustentar uma filha.

Mas agora quero novos rumos para mim”, comenta V. Ela faz curso de corte e costura, um dos dez oferecidos a 680 pessoas pela Amocavim, em parceria com a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec).

Bares, lojas e até ambulantes movimentam R$ 1 milhão por mês

Para tentar atrair mais clientes, cerca de 170 comerciantes da Vila Mimosa, que, juntos, chegam a movimentar em torno de R$ 1 milhão por mês, prometem dar um banho de loja nas ruas Sotero Reis, Ceará, Lopes Souza e Hilário Ribeiro. Para amenizar o péssimo visual proporcionado por esgotos a céu aberto e lixo, as ruas serão limpas e pintadas com as cores do Brasil. Telões serão instalados em alguns pontos.

Alguns donos de bordéis, bares e boates da localidade já se anteciparam e instalaram TVs, poltronas confortáveis, máquinas de cartão de crédito e ar-condicionado em seus estabelecimentos. Para divulgar as recentes melhorias, os comerciantes usam as redes sociais.

“Proporcionando maior conforto, hoje atendemos até 400 pessoas por dia, o dobro que o ano passado”, diz o gerente da boate Opção Night Club, Zizico Oliver.

Na Vila Mimosa, frequentada por cinco mil pessoas por dia, os ambulantes também faturam. Há dois anos, Abimael Andrade vende shorts por lá. “Chego a vender 20 peças (R$ 50 cada uma, em média) por dia”, revela.



Fonte: www.odia.ig.com.br

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