O Presidente Emérito do Pontifício Conselho para a Promoção
da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, defende a presença das mulheres
em cargos da Cúria Romana.
“As mulheres devem estar presentes em todos os
níveis de responsabilidade da hierarquia da Igreja católica, como nos
Pontifícios Conselhos”, disse o cardeal alemão ao jornal do episcopado italiano
“Avvenire”.
Dom Kasper assegura que as mulheres podem desempenhar
funções altas em Conselhos como a Família, a Cultura ou as Comunicações
Sociais. “Nestes cargos não existe hoje presença feminina e é um absurdo. Nos
Conselhos, como em outros órgãos vaticanos, a autoridade pode ser exercida por
mulheres”, declara.
Segundo ele, “a presença feminina pode ser preciosa também
em setores dedicados à administração, assuntos econômicos, tribunais… âmbitos
de competência em que as renomadas capacidades profissionais femininas se
destacam, mas ainda não são adequadamente consideradas”.
Na entrevista, o cardeal, que foi encarregado pelo Papa de
abrir o recente consistório sobre a Família, considera ainda que é
“indispensável a contribuição de riqueza e capacidade intuitiva do gênio
feminino”.
“Podemos imaginar hoje estruturas comunitárias, de caridade
ou culturais sem a presença de uma mulher? Sem elas, a Igreja seria um corpo
mutilado. Sem as mulheres, as paróquias fechariam amanhã”, adverte o Cardeal
Kasper.
Ele também defende uma maior participação das mulheres nos
preparativos do Sínodo extraordinário de outubro deste ano e do Sínodo geral de
2015: “Até hoje, as mulheres presenciaram os Sínodos apenas como ouvintes, ou
com funções pouco relevantes. Duas ou três ouvintes sempre intervêm no final
dos trabalhos, depois que todos falaram”.
O Cardeal Kasper questiona como se pode preparar um Sínodo
sobre a Família sem contar com as mulheres. “Sem a mulher, a família
simplesmente não existe. É insensato falar de família sem ouvir as mulheres,
que deveriam, a meu ver, ser chamadas e ouvidas desde já, a partir dos
preparativos”, aponta
Outra consideração do cardeal é que “na Cúria existem bispos
demais e para contrastar o fenômeno do carreirismo, poderiam ser introduzidos
mandatos “com tempo estabelecido”.
Kasper explica que não é indispensável que os secretários
dos dicastérios vaticanos sejam bispos. “Existe hoje na Cúria uma alta
concentração de bispos. Muitos desempenham funções de burocratas, e isto não é
bom. Os bispos são pastores. A consagração episcopal não é uma honorificência,
é um sacramento! Por que é necessário um bispo para um cargo burocrático? Aqui,
acredito que possa haver um abuso dos sacramentos”, conclui.
Fonte: Rádio Vaticana
Nenhum comentário:
Postar um comentário