domingo, 22 de setembro de 2013

“Não é possível servir a Deus e ao Dinheiro”

Cada vez é mais visível o sistema que leva uma minoria de ricos a acumular mais poder, abandonando na fome e na miséria milhões de seres humanos. É uma insensatez insuportável. Inútil olhar para o outro lado. Os seguidores de Jesus não podem viver fechados numa religião isolada deste drama humano.

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo
Lucas Lucas 16, 1-13 que corresponde ao 25º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.


“Não é possível servir a Deus e ao Dinheiro”. Estas palavras de Jesus não podem ser esquecidas nestes momentos por nós, seus seguidores, porque elas têm uma advertência mais profunda que Jesus deixou para a Humanidade. O dinheiro, convertido em ídolo absoluto, é o grande inimigo para construir esse mundo mais justo e fraterno desejado por Deus.


Por desgraça a Riqueza foi se transformando, em nosso mundo globalizado, num ídolo de grande poder que, para subsistir, exige cada vez mais vítimas e desumaniza e empobrece cada vez mais a história humana. Nestes momentos estamos envolvidos por uma crise gerada em grande parte pela ânsia de acumular.

Praticamente tudo se organiza, se movimenta e se dinamiza a partir dessa lógica: procurar mais produtividade, mais consumo, mais bem-estar, mais energia, mais poder sobre os demais… Essa lógica é imperialista. Se não a determos, pode pôr em risco o ser humano e o próprio Planeta.

Talvez a primeira coisa a fazer seja tomar consciência daquilo que está se passando. Isto não é somente uma obra econômica. É uma crise social e humana. Nestes momentos temos já dados suficientes ao nosso redor e no horizonte do mundo para perceber o drama humano no qual estamos imersos.

Cada vez é mais visível o sistema que leva uma minoria de ricos a acumular mais poder, abandonando na fome e na miséria milhões de seres humanos. É uma insensatez insuportável. Inútil olhar para o outro lado.

Hoje em dia nem as sociedades mais progressistas são capazes de garantir um trabalho digno a milhões de cidadãos. Que progresso é esse que, oferecendo-nos a todos o bem-estar, deixa tantas famílias sem recursos para viver com dignidade?

A crise está arruinando o sistema democrático. Pressionados pelas exigências do Dinheiro, os governantes não conseguem alcançar as verdadeiras necessidades de seus povos. Que é a política se já não está a serviço do bem comum?

A diminuição dos gastos sociais nos diversos campos e a privatização interessada e indigna de serviços públicos, como a saúde, continuará atingindo aqueles mais indefesos, gerando cada vez mais exclusão, desigualdade vergonhosa e fratura social.



Os seguidores de Jesus não podem viver fechados numa religião isolada deste drama humano. As comunidades cristãs podem ser, nestes momentos, um espaço de conscientização, discernimento e compromisso. Nós devemos ajudar a viver com lucidez e responsabilidade. A crise pode fazer-nos mais humanos e mais cristãos.

Fonte: Ihu

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