O Grupo Cultural AfroReggae lançou no último dia 12 de
setembro uma pesquisa com base nas denúncias recebidas pelo serviço de Denúncia
Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra crianças e adolescentes, o Disque
100, entre os anos 2011 e 2012, em todos os estados do país, que revela o
perfil das vítimas e dos suspeitos, e onde estão concentradas as maiores
ocorrências destes crimes.
Os dados revelam que foi no Distrito Federal onde se
registrou o maior número de denúncias com 292,53 casos para cada grupo de 100
mil habitantes. O estado do Rio de Janeiro (RJ) ocupa a 5ª posição neste
ranking registrando 135,62 denúncias por 100 mil habitantes e o estado de São
Paulo (SP) aparece na última colocação com 5,42 denúncias para cada grupo de
100 mil moradores.
Em geral, os dados indicam um aumento de mais de 100% das
denúncias em 2012 nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, em comparação ao
ano de 2011. No entanto, o relatório destaca que "esse aumento não pode
ser entendido como um número maior de ocorrências, mas sim o aumento de
denúncias telefônicas registradas”.
Tanto em São Paulo, como no Rio de Janeiro, a maior parte
das vítimas é do sexo feminino em mais de 50% dos casos denunciados. Em seguida
estão as vítimas do sexo masculino em 32% das denúncias e os casos não
informados são em média 13%.
De acordo com os relatórios do AfroReggae, os principais
alvos são adolescentes de 12 a 14 anos em cerca de 25% das denúncias nos dois
estados, seguidas por crianças de 8 a 11 anos em 20% dos casos e por
adolescentes da faixa etária de 15 a 17 anos, em mais de 15% das denúncias.
Chama a atenção o índice de violação sexual cometida contra bebês de 0 a 3
anos: 11,3% em SP e 10,2% no RJ. Os casos de vítimas sem idade informada giram
em torno de 9%.
Os principais suspeitos são da faixa etária de 25 a 30 anos
de idade, em mais de 12% dos casos nos dois estados, seguidos pelos grupos de
36 a 40 anos, 31 a 35 e 18 a 24 anos de idade, respectivamente e, como é
esperado, são do sexo masculino em 50% dos registros em SP e 48,1% no RJ. Em
seguida aparecem as mulheres: 36,4% em SP e 37,9% no RJ. As denúncias que não
especificam o sexo dos abusadores são mais de 13%.
A casa da vítima ainda é o principal cenário para o
criminoso cometer o abuso em cerca de 40% das denúncias, ou na casa do próprio
suspeito em mais de 30% das acusações, segundo os dados do Disque 100. Outros
locais de risco apontados são casas de outras pessoas, rua, escola e lugares
não especificados.
Segundo os registros do Disque 100, os desconhecidos foram
indicados como os principais criminosos em cerca de 24% das denúncias nos dois
estados. Pessoas próximas como pai, mãe, padrasto, tios e vizinhos aparecem em
seguida. No entanto, o AfroReggae alerta que por se tratar de um "assunto
delicado” e que traz "constrangimento para as famílias”, muitas vezes os
abusos sexuais não são denunciados. E nos casos em que o abusador é uma pessoa
próxima à vítima é preciso pensar qual é o limite entre doença e crime, e como
proteger a criança e o adolescente da exposição.
Nos anos 2011 e 2012 o Disque 100 recebeu um total de 8.775
denúncias em São Paulo e 8.292 chamadas no Rio de Janeiro. Confira o relatório
completo de SP aqui e do RJ aqui.
Ataques ao AfroReggae
Os relatórios detalhando dados das denúncias sobre abuso e
exploração sexual contra crianças e adolescentes foram publicados pouco depois
de o Grupo Cultural AfroReggae sofrer quatro ataques em suas sedes localizadas
no Rio de Janeiro. Em virtude disso e para dar apoio à entidade, integrantes da
sociedade civil carioca lançaram a campanha "A pacificação é Nossa, o
AfroReggae é Nosso, deixem o Rio em Paz", no último dia 23 de agosto.
Com base em investigações, a polícia acredita que o motivo
dos ataques foi a prisão do pastor Marcos Pereira, no dia 7 de maio, acusado
pelo coordenador do AfroReggae, José Júnior, de estuprar fiéis. A ordem para os
ataques teria sido dada depois de uma conversa, no dia 10 de maio, entre os
traficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP. Cerca de 15 dias após o
encontro dos traficantes na penitenciária de Catanduvas (Paraná), começaram os
atentados no AfroReggae.
Fonte: (Tatiana Félix)
Adital
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