Caravana de fé, força da juventude e entusiasmo para falar o
idioma da fraternidade. Já estão em Belo Horizonte os primeiros peregrinos
estrangeiros que vão participar, na capital, da Semana Missionária, de terça a
domingo da próxima semana, evento preparatório da Jornada Mundial da Juventude
(JMJ 2013), presidida pelo papa Francisco no Rio de Janeiro (RJ), de 23 a 28
deste mês.
Os 43 rapazes e moças de Porto Rico (43) e Peru (dois) foram
acolhidos na Comunidade Missionária de Villaregia, no Bairro Betânia, na Região
Oeste, e logo ficarão hospedados nas casas das famílias cadastradas na
arquidiocese de BH.
Segundo o bispo auxiliar e coordenador da Comissão da Semana
Missionária ou Pré-Jornada, dom João Justino de Medeiros, a cidade vai receber,
no período, cerca de 5 mil jovens de 20 países – número bem menor do que o
previsto. “O total de 30 mil nasceu do diálogo inicial entre o comitê organizador
da JMJ e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas depois passou
para um terço disso e caiu pela metade. O problema maior está no alto preço das
passagens aéreas para o Brasil, não havendo qualquer relação com as
manifestações nas ruas”, explica o bispo.
Pela alegria e animação demonstradas pelos porto-riquenhos e
peruanos, a Semana Missionária terá sucesso garantido. No sábado e ontem, ao
lado de brasileiros e da direção da Villaregia, os peregrinos ajudaram a montar
a estrutura de um forró no amplo espaço da Rua Canoas, no Betânia, perto da
Igreja de São Sebastião. À frente estava o padre Valério D’Eliseo, que, ao lado
de religiosos, cuida da paróquia e comanda a ampla unidade de vida comunitária,
evangelização e promoção humana, composta de equipamentos como centro cultural
e esportivo, salas para cursos e oficinas e espaço para acolhimento de 220
crianças e adolescentes, de 6 a 16 anos, em situação de carência. “É ótima
oportunidade para que os estrangeiros conheçam outra realidade e ajudem nas
obras sociais e culturais. Nesses dias, eles vão viver, trabalhar e rezar
juntos”, diz o padre.
Os peregrinos limparam o terreno, cortaram bandeirinhas de
papel e depois esticaram os cordões coloridos presos no alto do mastro central.
No intervalo das tarefas, quando o som mecânico tocava alguma música da terra
caribenha, entre elas a ritmada Que bonita bandeira!, alguns ensaiavam, em
fila, danças típicas. A estudante de literatura Míriam Pagán, de 22 anos,
contou que gosta do encontro de culturas. “Mesmo falando idiomas diferentes,
não há o menor problema de comunicação entre nós”, disse a jovem.
Os irmãos Ana Maria Cortés, de 20, estudante de psicologia,
e Ivan Gabriel, de 18, de contabilidade, destacaram a importância de
compartilhar a Igreja. “A Semana Missionária e a JMJ vão evidenciar a
experiência dos jovens. Que o Espírito Santo esteja conosco”, disse Ivan
Gabriel, que visita o Brasil pela primeira vez. Para David Gonzáles Rivera, de
19, aluno de estudos organizacionais (administração), a “língua da
fraternidade” vai permitir o entendimento e união dos jovens católicos.
Simpática, a peruana Maria Belém Pantoja, residente em Lima,
falou da sua alegria por estar em BH. “Me sinto em casa, o momento é essencial
para nossa formação espiritual”. Ajeitando as bandeirinhas, o missionário Alex
Sandro, de 30, observou que “a diferença entre os povos não representa
distância, mas seu maior tesouro. O amor é o elo”. No âmbito da arquidiocese,
cerca de 2,5 mil famílias vão hospedar os peregrinos, havendo também paróquias,
escolas e casas religiosas disponíveis. Moradora do Bairro Santa Inês, na
Região Leste, a auxiliar de enfermagem Helena Gomes Resende disse que ela, o
marido e as três filhas estão na expectativa para receber a visita de uma
peregrina. “O quarto está pronto”, disse Helena.
Segundo padre Valério, os estrangeiros chegaram no dia 28
para ter uma “experiência missionária” antes da Pré-Jornada. Da mesma forma,
outro grupo vai passar um mês em São Paulo (SP), em agosto. A comunidade, de
origem italiana, está presente em BH desde 1985, sendo a primeira no mundo fora
do país europeu, e tem unidades em Porto Rico, México, Moçambique, Costa do
Marfim, Peru e Brasil (Minas e São Paulo). A comunidade vai ao Rio com 300
integrantes, pois vão se juntar ainda outros jovens peruanos, italianos,
paulistas e residentes em Itabira, na Região Central de Minas.
Enquanto isso...
...Símbolos já no Brasil
A Cruz Peregrina e o ícone de Nossa Senhora, símbolos da
Jornada Mundial da Juventude, já estão no Rio de Janeiro. As peças sacras
chegaram na manhã de sábado à Igreja de São José, em Santa Cruz, na Zona Oeste,
e seguiram em procissão até o Batalhão de Engenharia do Exército, onde houve
cerimônia de boas-vindas e bênção dada pelo arcebispo do Rio, dom Orani
Tempesta. Na sequência, houve carreata em direção à Catedral Metropolitana, no
Centro. Em sua 28ª edição, a JMJ ocorre a cada dois ou três anos, convocada
pelo papa e em cidade indicada por ele. Trata-se do maior evento da Igreja em
congregação de jovens e tem sempre a presença do pontífice. A história começou
em 1984, quando João Paulo II (1920-2005), em celebração na Praça de São Pedro,
no Vaticano, entregou aos jovens a cruz que se tornaria um dos principais
símbolos da jornada. O papa pediu aos católicos que enviassem a cruz, que ficou
conhecida como Cruz da Jornada, a diversas partes do mundo.
Fonte: Estado de Minas
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