A implantação de programas de equidade de gênero pelas
empresas brasileiras enfrenta desafios para se tornar realidade, disse a
professora Carmen Migueles, da Escola Brasileira de Administração Pública e de
Empresas (Ebape) da Fundação Getulio Vargas.
A Equidade de Gêneros e a Gestão da Diversidade é o tema do
fórum organizado pela Ebape, para
discutir a experiência nessa área de grandes empresas nacionais e estrangeiras.
O evento pretender chamar a atenção para o tema, que consta das oito Metas do
Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU).
O consolo, ressaltou Carmen, é que as empresas do mundo todo
não estão muito mais à frente do Brasil nessa área. Mesmo em um país adiantado
como a Alemanha, citou, as empresas têm dificuldade de promover mulheres para
cargos de alta liderança. A Alemanha aderiu recentemente ao pacto global da
ONU, para tentar resolver o problema. "Mesmo nos países mais iguais, é
difícil as mulheres passarem de um cargo de média gerência para cima. Na Suíça,
Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia, o número de mulheres na alta
administração é pequeno", informou.
De acordo com Carmen Migueles, o Brasil sofre menos desse
problema que os países mais adiantados porque aqui o fator desigualdade conta.
"A situação no Brasil é muito pior para as mulheres negras, mas é
relativamente mais fácil para as mulheres brancas de classe social A. Porque,
como elas podem contratar babá, motorista e um monte de coisas, elas conseguem
competir de igual para igual com os homens. Já quando você está em uma
sociedade muito igual, a mulher tem que abrir mão da própria família para poder
competir. Não é mais possível conciliar os afazeres domésticos com a
carreira".
No ranking global de combate à desigualdade, o Brasil ocupa
a 62ª posição e está muito bem na questão do acesso das mulheres à educação.
"É um dos poucos países do mundo hoje em que o número de alunas nos cursos
superiores é maior que o de homens: 56% dos alunos são do sexo feminino",
disse. Segundo a ONU, um dos maiores desafios para a promoção da equidade é
garantir que as mulheres tenham acesso à educação.
Fonte: Agência Brasil
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