quarta-feira, 24 de julho de 2013

Crise atira portuguesas para a prostituição nas estrada

‘Maria’, 49 anos, sai de um carro vindo do mato. Ajeita o vestido azul de alças, com um decote tímido. Passa a escova no cabelo curto, pintado de louro, e o batom pelos lábios. Senta-se numa lata de tinta, puxa de um cigarro e aguarda pelo próximo cliente, o terceiro desde que começou a trabalhar, duas horas antes.



'Hoje está fraco e os clientes também têm menos dinheiro', diz ‘Maria’, uma das dez portuguesas que se encontram na reta de Coina, assinalando o facto de haver muita concorrência. 'As outras aí são mais novas e mostram mais o corpo', lamenta, contando que decidiu ir para estrada depois de se separar do marido, que recusa pagar-lhe uma pensão: 'Estou aqui há três meses.' Foi a ameaça de despejo e a falta de comida que um dia a levaram a apanhar o autocarro na zona de Setúbal em direção à reta de Coina. Cobra vinte euros por 10 a 15 minutos com o cliente e consegue 'tirar uns 80 euros por dia'.
Na reta de Coina, na estrada de Pegões e na estrada que vai de Águas de Moura para Setúbal, há cada vez mais mulheres portuguesas a venderem o corpo. Solteiras ou divorciadas, são mulheres entre os 21 e os 50 anos e com problemas económicos. Muitas delas jovens que perderam o emprego, outras, como ‘Maria’, que nunca trabalharam e viram o marido sair de casa. Já não são só as toxicodependentes que vivem da prostituição.
‘Ângela’, angolana de 32 anos, veio para Portugal aos 12. Aos 15 engravidou e casou-se. O marido foi vítima de um acidente numa obra e ‘Ângela’ ficou com três filhos para sustentar. Aguentou--se durante seis anos a trabalhar em cafés e em restaurantes. Mas, com os filhos a estudar, percebeu que precisava de ganhar mais. Há dois anos que sai de casa às 09h00. Os vizinhos e a família pensam que trabalha em limpezas. Veste uma minissaia de ganga e uma camisola mais decotada: 'Tenho de mostrar o produto e tenho sorte porque há clientes que gostam de mulher negra e roliça.'
ASSOCIAÇÕES SEM DINHEIRO PARA AJUDAR
A Associação Novo Olhar, que trabalha junto das prostitutas nos concelhos de Leiria e da Marinha Grande, debate-se com falta de dinheiro para continuar o seu trabalho e já foi obrigada a parar as equipas de rua, que distribuem seringas e preservativos.
A Associação sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo a promoção e proteção da saúde, candidatou-se ao subsídio que normalmente lhe é atribuído pelo Instituto da Droga e Toxicodependência, mas desta vez não o conseguiu.
A presidente da Associação Novo Olhar, Ana Patrícia Nobre, diz que é urgente a retoma da atividade das equipas de rua porque muitas destas mulheres são portadoras de HIV e não usam proteção. A dirigente confirma ainda ter informações que apontam para o aumento do número de mulheres portuguesas na prostituição, sobretudo devido ao desemprego.
Em Leiria, há nas estradas 23 mulheres, das quais vinte são toxicodependentes, e seis homens com idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos. Na Marinha Grande, há 32 prostitutas com idades entre os 21 e os 60 anos.
ROMENAS DISPUTAM ESTRADA
Sai do mato dentro de uma carrinha vermelha de caixa aberta. Apanha o cabelo, mete os óculos escuros, compõe o sutiã e vira-se de novo para a estrada. Sorridente, ‘Tânia’, romena de 21 anos, está pronta para o próximo cliente. Com um decote que lhe realça o peito, uns calções de ganga bem apertados e umas sandálias altas, exibe umas longas pernas.
Às 15h00 já fez cem euros. Leva vinte euros por dez minutos e garante que chega a ganhar dois mil euros por mês. Menos sorte têm as suas colegas da mesma nacionalidade, de 21 e 25 anos. 'Ela rouba tudo porque é bem-feita', queixam-se as jovens, que desde que chegaram a Portugal, há oito meses, ocuparam um lugar na estrada de Setúbal.
APONTAMENTOS
MÃOS UNIDAS AJUDA
A Associação Mãos Unidas tem um centro de acolhimento temporário para apoiar mulheres que deixam a prostituição ou são vítimas de maus tratos. O director da Associação, Mário Nogueira, diz que a maioria tem filhos e vende o corpo para sustentar a família.
NOVAS PROSTITUTAS
Segundo dados das equipas de rua das Irmãs Oblatas, cerca de 15 por cento das prostitutas foram para a rua há cerca de um ano. Muitas foram abandonadas pelos maridos e não têm dinheiro para os filhos. Dedicam-se à prostituição em desespero de causa.
CLIENTES FIXOS
A maioria das prostitutas tem clientes fixos, dos mais variados estratos e profissões, que passam sempre à mesma hora. Porém, os camionistas, operários da construção civil e fabris são os que mais procuram os seus serviços. A hora de almoço e o fim da tarde são as melhores horas de negócio.

CRISE: NOVAS PROSTITUTAS
A crise alterou o perfil das mulheres que se prostituem na estrada. Já não são só toxicodependentes ou imigrantes. São cada vez mais mulheres desempregadas ou divorciadas com filhos.
PRESERVATIVOS: PROTEGIDAS
A maioria das prostitutas garante usar preservativo, o único contraceptivo contra a transmissão de doenças sexuais, mesmo quando os clientes pedem para não usar.
PAÍS: ZONAS DE PROSTITUIÇÃO
A prostituição espalha-se pelas estradas de norte a sul do País. As retas de Coina e Pegões, Setúbal, são muito conhecidas. Outro dos pontos é a estrada nacional na Mealhada.


Fonte: www.cmjornal.xl.pt

3 comentários:

Anônimo disse...

sinceramente isto mais parece um roteiro muito bem elaborado! cheio de localizações! em vez de ajudarem as pessoas a saírem dessa vida.... Nãooo toca a declarar os sítios. Para que elas tenham mais clientes? OMG

Anônimo disse...

como e q eu consigo marcar para as 11 da noite de hoje e q eu adoro sexo...

Anônimo disse...

Não percebo..... Isto é desespero total... Grávida aos 15? Mas o homem era maluco ou quê?