Não basta recitar o Pai Nosso. Temos de sepultar para sempre
fantasmas e medos sagrados que se despertam por vezes em nós afastando-nos
Dele. E temos de liberar-nos de tantos ídolos e deuses falsos que nos fazem
viver como escravos.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de
Jesus Cristo segundo Lucas 9, 18-24 que corresponde ao 12º Domingo do Tempo
Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola
comenta o texto.
Eis o texto (Fonte www.periodistadigital.com/religion)
O episódio é conhecido. Sucedeu-se nas proximidades de
Cesareia de Filipo. Os discípulos vinha há tempos acompanhando Jesus. Por que o
seguem? Jesus quer saber que ideia fazem dele: “Vós, quem dizeis que Eu sou?”. Esta
é também a pergunta que nos temos de fazer aos cristãos de hoje. Quem é Jesus
para nós? Que ideia fazemos Dele? Seguimo-lo?
Quem é para nós esse Profeta da Galileia, que não deixou
atrás de si escritos mas sim testemunhas? Não basta que Lhe chamemos “Messias
de Deus”. Temos de seguir dando passos pelo caminho aberto por Ele, acender
também hoje o fogo que queria pôr no mundo. Como podemos falar tanto Dele sem
sentir a Sua sede de justiça, o Seu desejo de solidariedade, a Sua vontade de
paz?
Temos aprendido de Jesus a chamar a Deus “Pai”, confiando no
Seu amor incondicional e na Sua misericórdia infinita? Não basta recitar o Pai
Nosso. Temos de sepultar para sempre fantasmas e medos sagrados que se
despertam por vezes em nós afastando-nos Dele. E temos de liberar-nos de tantos
ídolos e deuses falsos que nos fazem viver como escravos.
Adoramos em Jesus o Mistério do Deus vivo, encarnado no meio
de nós? Não basta confessar a sua condição divina com fórmulas abstratas,
afastadas da realidade e incapazes de tocar o coração dos homens e mulheres de
hoje. Temos de descobrir nos Seus gestos e palavras o Deus Amigo da vida e do
ser humano. Não é a melhor notícia que podemos comunicar hoje a quem procura
caminhos para encontrar-se com Ele?
Acreditamos no amor predicado por Jesus? Não basta repetir
uma e outra vez o Seu mandato. Temos de manter sempre viva a sua inquietude por
caminhar para um mundo mais fraterno, promovendo um amor solidário e criativo
para com os necessitados. Que sucederia se um dia a energia do amor movesse o
coração das religiões e as iniciativas dos povos?
Temos escutado o mandato de Jesus de sair pelo mundo a
curar? Não basta predicar os Seus milagres. Também hoje temos de curar a vida
como o fazia Ele, aliviando o sofrimento, devolvendo a dignidade aos perdidos,
curando feridas, acolhendo os pecadores, tocando os excluídos. Onde estão os
Seus gestos e palavras de alento aos derrotados?
Se Jesus tinha palavras de fogo para condenar a injustiça
dos poderosos do Seu tempo e a mentira da religião do Templo, por que não nos
sublevamos, os Seus seguidores, ante a destruição diária de tantos milhares de
seres humanos abatidos pela fome, ante a desnutrição e ante o nosso
esquecimento?
Fonte: Ihu
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