A exploração sexual constitui um dos mais flagrantes
atentados aos direitos humanos na América Latina e uma das mais vergonhosas
degradações e desvalorizações do gênero humano. A cada dia, milhares de
mulheres e meninas são transportadas como objeto comercial para ser exploradas
como mercadoria sexual. Negócio que move bilhões de dólares anualmente. No
entanto, [as autoridades, a polícia] geralmente, perseguem as mulheres que são
vítimas, quando deveriam perseguir aos que as exploram.
Por César
Coronel Garcés
No primeiro domingo deste mês (2/6/13) comemorou-se o Dia
Internacional das Trabalhadoras Sexuais, data que poucos recordamos.
O Dia Internacional da Trabalhadora Sexual é comemorado
desde 1976 e recorda o 2 de junho de 1975, quando mais de 100 prostitutas
ocuparam a igreja francesa em protesto contra o abuso do qual eram vítimas, bem
como pelo incremento das multas e prisões. A polícia reprimiu a marcha com
violência e covardia.
Hoje, porém, os outros inimigos das trabalhadoras sexuais
continuam vigentes: discriminação, exploração, preconceitos sociais etc. Após
tantos anos, ainda hoje, as trabalhadoras sexuais não estão integradas
socialmente. Vivem imersas em uma sociedade que valoriza o mundo das coisas e
desvaloriza o mundo das pessoas, o que implica em desproteção quase total a
esse grupo quanto à questão econômico, política, social e, inclusive, legal.
Esse é um fenômeno social que deve ser melhor abordado pelos
Estados. É um problema social; porém, também, de segurança e que deve ser
assumido com firme vontade política. A prostituição é produto –entre outras
razões- da pobreza, do desemprego e da desigualdade que tem atingido nossos
países nos últimos anos.
Porém, não podemos ser cegos e mudos ante um problema mais
grave: a exploração sexual, que constitui um dos mais flagrantes atentados aos
direitos humanos na América Latina e uma das mais vergonhosas degradações e
desvalorizações do gênero humano. A cada dia, milhares de mulheres e meninas
são transportadas como objeto comercial para ser exploradas como mercadoria
sexual. Negócio que move bilhões de dólares anualmente. No entanto, [as
autoridades, a polícia] geralmente, perseguem as mulheres que são vítimas,
quando deveriam perseguir aos que as exploram.
Em minha opinião: pagar para ter sexo com uma mulher é uma
forma de violência "tolerada” por muitas razões sociais e culturais. A
prostituição poderia ser condenada; porém, jamais se deve apontar as
trabalhadoras sexuais. Ao longo dos tempos, o machismo, os preconceitos
sociais, os preceitos morais, os estigmas pessoais e a intolerância têm marcado
uma nuvem pesada sobre as trabalhadoras sexuais, a quem pretendo reivindicar
nessas linhas.
Elas, cálido refúgio e confidentes. Elas, tão limpas de
culpas e rancores. Elas, mais santas que os hipócritas e os perversos. Elas,
mais puras que os preconceitos dos que se atrevem a julgá-las. Elas, a quem até
Jesus deu outra oportunidade: "quem não tiver pecado, atire a primeira
pedra”, segundo São João. Quantas pedras mais atirará essa sociedade que não
busca primeiro reconhecer seus pecados e deixa de sentenciar a outros?
Concluindo, quero citar a poetisa e assembleísta equatoriana
Cristina Reyes, que, em seu poema "Homenaje a las putas”, com acerto e
infinita sensibilidade, diz: "Vou render honra às putas... As que
desfolharam seu pudor. Vou dizer-lhes que são belas... Que ainda podem
construir esculturas com seus lábios... Buscando uma oportunidade na dor; um
amor na névoa... Vou redimir seu ardor em minhas letras...”
Fonte: Adital
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