Os dados demonstram que no quesito representação política a participação da mulher anda a passos lentos, diferente do que ocorre em relação a sua inserção em outros segmentos da sociedade. Mesmo assim, o aumento no número de inscrições de candidaturas femininas merece ser comemorado quando comparado aos dados da última eleição municipal.
Considerando as candidaturas de todo o país, a presença do
sexo feminino nas eleições 2012 alcançou 31,6%, de acordo com o TSE, atingindo
o percentual que reserva 30% para a participação de cada sexo ou gênero na
formação das listas para as eleições proporcionais. Assim, as eleições
municipais terão a maior participação feminina da história da política
brasileira, justo no ano em que se comemoram os 80 anos do direito de voto
feminino no Brasil. Pela primeira vez o Brasil terá 45 cidades onde somente
mulheres disputam a Prefeitura.
A proporção de mulheres entre os candidatos a vereador e
prefeito subiu de 22% nas eleições de 2008 para 31% neste ano. Em número
absolutos, as mulheres candidatas subiram cerca de 73% desde a última eleição
municipal, em 2008, quando 81.251 se candidataram. Atualmente, para os dois
cargos, as candidaturas somam 140.418. Dos 190 candidatos a prefeito nas 26
capitais brasileiras registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas
28 (15%) são mulheres. A cidade de São Paulo é a que mais conta com candidatas,
três ao todo.
A retrospectiva histórica em relação à participação da
mulher no cenário político indica o acerto na adoção da política de cotas para
a ampliação da participação democrática e garantia da pluralidade no sistema de
representação política. Em 1992, o percentual feminino nas Câmaras Municipais
ficou em apenas 7,4% do total de vereadores do país. Três anos depois, em
setembro 1995, após a 4ª Conferência Mundial das Mulheres, em Beijing, China, o
Congresso Nacional aprovou uma política de cotas para tentar reverter a
exclusão das mulheres brasileiras da política parlamentar. A regra determinava
a reserva de 20% das vagas a serem preenchidas para candidaturas de mulheres
(Art. 11, §3º da Lei 9100/95).
Em 1997, com a edição da Lei Eleitoral 9.504, a regra ganhou
nova roupagem, dirigida de modo indiscriminado, fixando a participação de um
percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para cada sexo. A exigência, no
entanto, era de simples "reserva” de vagas, calculada sobre o total de
vagas a preencher, sem qualquer obrigatoriedade ou sanção aos partidos pela
ausência de mulheres nas listas proporcionais. Esta situação acabou por acomodar
os partidos, que pouco fizeram para o estímulo da participação feminina, tanto
nas instâncias partidárias quanto na ocupação de cargos de destaque na
representação política e administrativa. Prova disso é que, nas eleições
municipais de 2008, a proporção de candidatas mulheres em relação ao total de
registros foi de 22,1%, bem abaixo da cota mínima de 30% estabelecida pela lei.
O percentual de 31% de candidaturas de mulheres obtido nesta
eleição revela a efetiva aplicação da alteração legislativa promovida na
reforma eleitoral, de setembro de 2009, com a edição da Lei 12.034, que
modificou o artigo 10, §3º da Lei 9.504/97, fazendo constar no lugar de
"reservará” a palavra "preencherá”, tornando obrigatório aos partidos
e coligações o cumprimento da cota mínima nas listas de candidaturas
proporcionais.
Evidentemente que a política de cotas não é suficiente para
garantir a ocupação do espaço político pelas mulheres na proporção da
importância e participação que assumem nos demais setores da sociedade, mas
esta é, sem dúvida, uma das formas de afastar a exclusão histórica das mulheres
neste segmento (o percentual irrisório de 15% de candidatas majoritárias em
todo país nesta eleição dão mostras deste atraso).
Estudos estatísticos mostram que o aumento do número de
mulheres candidatas tende a elevar o número de mulheres eleitas. Como o
percentual de candidatas passou de 22,1% em 2008 para 31,2% em 2012 é de se
esperar que o percentual de eleitas, que foi de 12,5% em 2008, possa chegar em
torno de 20% em 2012. Neste contexto não se pode deixar de mencionar a eleição
da Presidente Dilma Rousseff como fator de estímulo à participação das mulheres
na vida política do país.
A presença das mulheres no cenário político brasileiro
demonstra um avanço. O desempenho dos mandatos, embora ainda em número muito
aquém do que a sociedade necessita, só tem revelado que as mulheres sabem
tratar com seriedade e competência a coisa pública. Espera-se que os partidos
não se acomodem à cota mínima atingida neste pleito por obrigação legal, mas
que se consolide, efetivamente, um espaço democrático de representação plural
em todas as instâncias de poder.
Maritânia Dallagnol (Advogada,
especialista em Direito Eleitoral)
[Fonte: ATribuna.net, 13.08.2012 / Agência Patrícia Galvão].
Um comentário:
sou candidato a vereador em belo horizonte pelo partido verde, tenho prioridades com o meio ambiente e também com pessoas mais carentes.
gostaria que olhasse com carinho o meu blog e de a sua opinião, se achar que sou merecedor de sua confiança.
http://ficopv.blogspot.com.br/
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