Mulheres e meninas são as maiores vítimas de furacões,
terremotos, tsunamis, inundações e outros eventos extremos, climáticos ou não.
Elas representam de 68% a 89% das mortes que ocorrem nesses fenômenos no mundo
todo. As mulheres são 72% das pessoas que vivem em condições de extrema pobreza
o que as torna mais vulneráveis em situações de desastres.
Há mais de dez anos a médica e ecologista Ursula Oswald
Spring, da Universidade Nacional Autônoma do México, tenta descobrir os
motivos. Há várias razões - desde o abandono do companheiro ao uso de roupas
longas, como burcas, que limitam seu movimento em momentos urgentes. "O
papel das mulheres é o de cuidar, então salvam filhos, pais e animais e não
enxergam o risco que correm", diz.
Os dados foram apresentados ontem, em São Paulo, no
seminário "Gerenciando Extremos Climáticos e Desastres na América Latina e
no Caribe", que repercute os resultados de um relatório especial do IPCC, o
braço científico das Nações Unidas. No evento, promovido pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Instituto de Pesquisas
Espaciais (Inpe), discutiu-se como os países podem se adaptar aos impactos da
mudança climática.
A tendência é estudar o cruzamento de eventos extremos com o
grau de vulnerabilidade da região, explicou José Marengo, do Inpe. Ele lembrou
que, na última seca no Nordeste, o governo enviou cestas básicas aos habitantes
- o que não representa um esforço de adaptação à mudança climática. "A
seca no Nordeste é algo que não podemos combater, temos que aprender a conviver
com ela", explicou.
Fonte: Daniela
Chiaretti, no jornal Valor, 17-08-2012.
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