Ministra socialista para as mulheres considerou publicamente
a ideia de criminalizar também os clientes das prostitutas: “A pergunta não é se queremos abolir a prostituição – a resposta é sim – mas como nos proporcionar os meios para fazê-lo”. Centenas de prostitutas, algumas mascaradas, outras travestis, marcharam recentemente através de Paris para protestar e demandar seus direitos.
Aos não iniciados, o saco de plástico azul esfarrapado
amarrado a um galho espetado no chão, tremulando na encosta de uma estrada na
floresta, pareceria apenas lixo. Mas as mulheres com botas brancas que vão até
suas coxas e shorts curtos revelam outra coisa. Uma vez que a prostituição foi
expulsa das parte ricas da Paris, as mulheres exercem o seu ofício alhures: de
florestas nos arrabaldes da capital ao Boulevard Barbès (uma área habitada
majoritariamente por imigrantes) no 18º arrondissement, onde uma vibrante cena
de prostituição começa nas calçadas em plena luz do dia e continua noite afora.
No mês passado, Najat Vallaud-Belkacem, a ministra
socialista para as mulheres, causou espécie ao declarar que deseja banir por
completo a prática. “A pergunta não é se queremos abolir a prostituição – a
resposta é sim – mas como nos proporcionar os meios para fazê-lo”, afirmou. Há
um ano, a Assembleia Nacional aprovou uma resolução que reafirmava as opiniões
“abolicionistas” da França e o desejo do país de criar uma “sociedade sem
prostituição”. A prostituição em si não é ilegal, mas os bordéis o são, assim
como o aliciamento e a cafetinagem (do que Dominique Strauss-Kahn foi acusado
em março). Agora a ministra considerou publicamente a ideia de criminalizar
também os clientes das prostitutas.
Centenas de prostitutas, algumas mascaradas, outras
travestis, marcharam recentemente através de Paris para protestar e demandar
seus direitos. Um grupo carregava uma faixa que dizia “orgulhosa de ser
vagabunda”. Outros argumentaram que a criminalização levaria o setor ao mercado
negro, aumentaria os riscos de saúde e exporia as prostitutas aos traficantes.
Muitas garotas são forçadas a se prostituir para conseguirem pagar valores que
vão de €5.000 a €50.000 a traficantes que as trouxeram para a França. Ao longo
dos últimos 15 anos, redes estrangeiras de prostituição substituíram suas
similares domésticas. Em 1994, menos de 25% de prostitutas em atividade na
França eram estrangeiras. Hoje em dia tal proporção supera os 90%, e aproximadamente
dois terços dos cafetões são estrangeiros. Mais de metade das mulheres vêm do
leste europeu ou da África, sendo que há uma nova tendência de prostitutas
oriundas da anglófila Nigéria.
Do jeito como está, reprimir a prostituição tende apenas a
deslocá-la. Em 2003, Nicolas Sarkozy, então ministro do Interior, tornou o
aliciamento ilegal. Desde então, este tornou-se menos explícito em algumas
vizinhanças. Ainda assim, o número de prostitutas que operam no Bois de
Bologne, no limite ocidental da cidade, dobrou em 2011, de acordo com um
delegado da polícia de Paris. Mas, como um relatório parlamentar ponderou no
ano passado, “a prostituição, longe de ter desaparecido, apenas se deslocou
geograficamente” para lugares tais como a floresta Saint-Germain. É provável
que as sacolas de plástico azul tremulem ainda por algum tempo.
Fonte: The Economist
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