Dom Walmor Oliveira de Azevedo na
celebração que marcou o início da quaresma na Serra da Piedade: para ele,
período é importante para reflexão (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Na missa da quarta-feira de
cinzas, arcebispo metropolitano de BH pede que população ajude 'o mundo a ser
mais justo'. Campanha da Fraternidade é aberta com foco no meio ambiente.
Palavras em favor da paz, justiça
e solidariedade e contra a corrupção, violência e descortesia. O arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, celebrou a
missa da quarta-feira de cinzas, às 15h, na Serra da Piedade, em Caeté, na
Grande BH, conclamando os católicos a “viver melhor a cidadania e a ajudar o
mundo a ser mais justo”. O local escolhido para o início da quaresma, que se
prolongará por 40 dias, foi a ermida do século 18 que guarda a imagem da
padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, esculpida por Antonio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814).
Na manhã de ontem, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, em Brasília (DF), a Campanha da
Fraternidade 2017 (CF), iniciativa anual da Igreja Católica no Brasil e que
envolve toda comunidade em diversas ações pastorais. Este ano, o tema é
Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida e o lema, Cultivar e guardar
a criação (Gn 2.15). De acordo o secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar de
Brasília, dom Leonardo Ulrich Steiner, a proposta do tema é “enfatizar as
belezas e diversidades de cada bioma brasileiro, criando uma relação da vida
com a cultura do povo que habita esses lugares”. Na Arquidiocese de Belo
Horizonte, o lançamento da CF (ver quadro) será sábado, a partir das 13h, na
Serra da Piedade, com missa e atividades culturais.
A missa das 13h de ontem, com o
rito de imposição das cinzas, ocorrido em seguida à homilia, atraiu moradores
da capital e municípios vizinhos. Segundo o arcebispo, que fez o sinal da cruz,
com um pouco de cinza, na testa ou no alto da cabeça de pessoas de todas as
idades, o significado é mostrar que “somos humanos, frágeis, e devemos reconhecer
Deus como nosso pai”. Citando a frase bíblica “és pó e ao pó retornarás”, o
arcebispo disse que a quaresma é um tempo especial e ótima oportunidade “para
retornarmos a hábitos simples, como jejuar, ficar em silêncio, meditar,
refletir sobre os atos e ter sempre o foco em Deus”.
Jejuar, num sentido mais amplo,
tem a ver com uma visão de mundo. “Devemos pensar se estamos usufruindo
corretamente dos bens da criação, como diz o tema da Campanha da Fraternidade,
e dos bens materiais, além de lembrar, em especial, dos que têm fome.
Precisamos condenar também a depredação e o desrespeito à natureza. Estamos,
aqui no topo da Serra da Piedade, um lugar que precisa ser preservado por
todos”, ressaltou o arcebispo. A missa teve a participação do reitor do Santuário
de Nossa Senhora da Piedade, padre Fernando César do Nascimento, e do
pró-reitor, padre Carlos Antônio da Silva.
A gerente comercial Cecília
Fialho, o arquiteto Luciano Barbosa e os filhos saíram de BH para participar da
missa: 'A imposição das cinzas é um sinal de paz', diz ela (foto: Leandro
Couri/EM/DA Press)
PEREGRINOS Dom Walmor ressaltou
que, neste ano jubilar, estão sendo celebrados os 250 anos de romaria ao topo
do maciço, com programação que irá até o fim de dezembro. “Na quaresma, vamos
ter um período de muitas peregrinação à Serra da Piedade, que, em 2016, recebeu
cerca de meio milhão de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros”. Ontem, com
a temperatura amena no alto, bem diferente do Centro de BH, as famílias visitaram
a ermida, que ficou lotada, com gente até do lado de fora. “Estamos muito
felizes por estar aqui. Viemos sempre à missa de domingo e trazemos os filhos.
A imposição das cinzas é um sinal de paz. E a quaresma, um tempo de reflexão”,
disse a gerente comercial Cecília Fialho, ao lado do marido, o arquiteto
Luciano Barbosa, e dos filhos Bernardo, de 7 anos, e Arthur, de 3, residentes
no Bairro Caiçara, na Região Noroeste da capital.
O casal de namorados Gabriele
Vitória Borges Alcântara, estudante, de BH, e Marcos Gomes Moreira, de Santa
Luzia, trazia a cruz marcada com cinza na testa e disse que o sinal quer dizer
“busca de Deus, paz, e alegria”. Os dois, visitando o local pela primeira vez,
estavam acompanhados dos amigos Bruna de Fátima de Assis e Guilherme Fernando
de Souza, certos de que estar no Santuário de Nossa Senhora da Piedade é ficar
“mais perto de Deus”.
FRATERNIDADE A apresentação da CF 2017 será no Santuário Nossa
Senhora da Piedade, lugar marcado, conforme disse dom Walmor “pelas belezas
naturais, bioma único que reúne as paisagens dos campos rupestres, do cerrado e
da mata atlântica”. Portanto, ao apresentar a campanha no território dedicado à
padroeira de Minas, “convocamos os cristãos a defender a fauna e a flora das
montanhas do estado e que integram nossa identidade”.
PROGRAMAÇÃO
» SÁBADO
• 13h – Exposição de grupos que
defendem o meio ambiente, com apresentação musical do Grupo Sonoro Despertar,
formado por crianças da Paróquia São Marcos, e Banda Corporação Musical de
Nossa Senhora do Bom Sucesso, de Caeté
• 14h45 – Caminhada até a ermida
da padroeira, à qual todos vão se reunir para a celebração da missa, às l 15h,
presidida pelo arcebispo dom Walmor.
• 16h - Solenidade de
apresentação da Campanha da Fraternidade 2017
CONSTRUÇÃO
O arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, contou que a história do santuário
da padroeira de Minas começa no século 18, com o relato de um milagre: a Virgem
Maria teria aparecido para uma jovem surda, no alto da Serra da Piedade. A
partir desse dia, a garota passa a falar e a ouvir, o fato se espalha
rapidamente por toda a região e muita chega ao topo do maciço para rezar. O
episódio toca o coração do português Antônio da Silva Bracarena, então na
colônia para ganhar dinheiro. Mas ele se converte e decide dedicar sua vida à
construção de uma capela no lugar onde ocorrera o milagre. O singelo templo
dedicado a Nossa Senhora da Piedade começa a ser erguida em 1767 e, mais tarde,
ganha a imagem esculpida por um jovem de Ouro Preto, depois reconhecido como
mestre do Barroco mineiro – Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Fonte: Estado de Minas
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