O arcebispo emérito de São Paulo,
Dom Cláudio Hummes, pretende relatar ao Papa Francisco os problemas vivenciados
pelos dos moradores da Ilha do Marajó, no Pará. O arcebispo está em visita pelo
Estado e realizou audiências com os moradores de quatro municípios da região e
prepara um relatório sobre as condições de miséria e exploração sexual das
comunidades.
Durante cinco dias de viagem
acompanhado de uma comitiva formada pelo bispo da prelazia do Marajó, Dom José
Luiz Azcona e integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
o arcebispo visitou os municípios de Melgaço, Breves, Portel e Soure.
Em todas as cidades foram
realizados encontros e audiências com a presença dos moradores. Os relatos
devem integrar um relatório que o arcebispo pretende entregar pessoalmente ao
papa Francisco.
“A gente fará relatórios sobre o
que está ocorrendo e o papa sempre diz: ‘Olha vai par aqueles lugares mais
sofridos, mais distantes, mais abandonados'. O povo é pobre, a grande maioria
do povo é pobre e muita gente na miséria. Tem gente que não tem nada mesmo, é
impressionante", comenta Dom Cláudio.
O município de Melgaço, que
possui quase 26 mil habitantes, carrega o título do pior Índice de Desenvolvimento
Humano do País (IDH). A pobreza ainda se reflete em problemas como a exploração
sexual infantil de crianças e adolescentes nas balsas de transporte de carga na
região.
“Quem fica na beira do rio
Tajapurú vê esse movimento diariamente nas balsas circulando e com a presença
de menores, de mulheres que inclusive entram nas balsas para se prostituírem
como nós já escutamos relatos disso”, conta a coordenadora da Comissão Justiça
e Paz da CNBB, Irmã Henriqueta.
O bispo da prelazia do Marajó,
Dom José Luiz Azcona, que acompanhou a visita, é defensor dos direitos humanos
na ilha há mais de 30 anos. Após denunciar a exploração sexual de crianças e
adolescentes na região, o bispo foi ameaçado de morte.
“Ainda não serão as medidas
efetivas necessárias. Existe muito descaso por parte de todas as autoridades. Está
sendo um povo abandonado e chegou alguém de tão longe como ele que tem contato
constante com o papa para uma nova esperança ao povo que está agonizando”
O arcebispo ainda deve ficar no
estado até o dia 4 de março.
Fonte: G1 Globo
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