Ao subir a “Serra Pelada de Mato
Grosso” é raro encontrar alguma mulher e muitos dos homens estão exaustos e não
têm contato com o sexo feminino há muitos dias. Por isso, as mulheres que
circulam no local se quer precisam se identificar como prostitutas, que já
recebem inúmeras propostas para fazer companhia aos garimpeiros ou
“aventureiros”.
Salto alto, batom de cores
quentes, sombra, blush e rímel na medida, aliados a roupas curtas e decotadas.
Elas se dizem autônomas e donas do próprio negócio.
Têm uma tabela que estipula a
quantidade de gramas que os homens devem pagar, para serviços que vão desde a
realização de um strip-tease, ao sexo em meio à mata. As garotas de programas
também foram atraídas pelo ouro encontrado na Serra da Borda, em Pontes e
Lacerda (448 km a Oeste de Cuiabá).
Seja subindo o morro ou dentro
das boates localizadas na cidade, elas estipulam um crescimento na demanda de
80%. L.V.T., 20, é de Vila Bela da Santíssima Trindade (521 km a Oeste).
Ela e a prima foram para o garimpo
pontes-lacerdense levadas pela própria mãe, que esteve no local alguns dias
antes. “Minha mãe veio com uma amiga dela que é garota de programa e ela ganhou
muito ouro. O sexo propriamente dito, ela só fez duas vezes o resto foi só para
ficar de namorico. Isso nos chamou a atenção e resolvemos vir também”.
A mãe de L. lucrou cerca de 10
gramas em dois dias no local e voltou para a cidade natal para buscar a filha e
a sobrinha, que já trabalhavam com a prostituição onde moravam. “Mas o lucro lá
é muito baixo, aqui as meninas podem tirar em uma semana uma quantia que vai
nos sustentar por alguns meses. Pelo menos assim eu espero”, disse N.T.T., 38.
As três foram para a Serra da
Borda preparadas para realizar os programas da maneira mais higiênica possível.
Cientes de que a maioria dos homens fica entre cinco a oito dias sem tomar
banho, em três malas de rodinhas e algumas bolsas, elas levaram além de toalhas
e lenços umedecidos, dois galões que juntos davam 60 litros de água. “Vamos
fazer uma espécie de cercado, para ter mais intimidade. Somos profissionais e
limpinhas, por isso, vamos valorizar o serviço prestado. Jamais que vou ficar
sem lavar minhas partes íntimas”, diz a garota de programa, A.M.S., 21.
Durante todo o dia é possível
ouvir do pé da serra gritos em coro dos garimpeiros. “O que só pode significar
duas coisas: ou encontraram ouro ou alguma mulher está tirando a roupa”,
comenta um comerciante, que montou uma tenda para vender geradores de energia.
Ao subir a “Serra Pelada de Mato
Grosso” é raro encontrar alguma mulher e muitos dos homens estão exaustos e não
têm contato com o sexo feminino há muitos dias. Por isso, as mulheres que
circulam no local se quer precisam se identificar como prostitutas, que já
recebem inúmeras propostas para fazer companhia aos garimpeiros ou
“aventureiros”.
A média é de 10 gramas para fazer
um strip-tease e daí para mais gramas para fazer sexo. Algumas mulheres que
andam de mãos dadas com homens se escondem quando avistam nossa reportagem e as
que conseguimos chegar perto se negam a conversar sobre a prostituição
existente no garimpo.
Se no morro a prostituição
acontece de maneira discreta, nas casas noturnas e prostíbulos da cidade a
festa é evidente. Em um dos estabelecimentos mais movimentados de Pontes e
Lacerda, o gerente Luis Oliveira, 23, diz que a demanda cresceu em cerca de 70%
depois da descoberta do ouro no município. “Já entramos em contato com novas
meninas, porque as que já trabalham com a gente não está dando conta das
solicitações. Já aconteceu de garimpeiros irem para outra boate, porque aqui
não tínhamos meninas disponíveis”.
Ao mesmo tempo, o serviço de bar
também apresentou um aumento significativo. “Podemos dizer que a venda de
bebidas teve um crescimento maior ainda, e chegou a dobrar”, pontua Oliveira.
O programa na casa noturna
gerenciada por Luis sai por R$ 350 e deve ser pago mais R$ 50, pela chamada
chave, que é a retirada da garota de programa do local, já que existe uma lei
que proíbe o funcionamento de bar e prostíbulo no mesmo estabelecimento. Caso o
cliente deseje um strip-tease ele deve desembolsar mais R$ 150.
O serviço pode ser feito com o
auxílio de duas barras de poledance, uma fixada na parte externa da casa e
outra em um quarto reservado. D.S.N., 19, é natural do Rio Branco e está em
Pontes e Lacerda há dois meses.
Questionada sobre como foi parar
na cidade mato-grossense, ela disse que uma prima que também ganha a vida como
prostituta já trabalhou na cidade a indicou. “Nem sabia da existência do
garimpo, mas vim na hora certa. Aqui estou ganhando muito mais dinheiro do que
na cidade onde nasci”.
Ela diz que tira em média R$ 5
mil por mês trabalhando como garota de programa. “Isso sem contar os presentes
e passeios que os clientes pagam para mim”.
A situação do mercado local de
prostituição é melhor ainda para C.F.M., 21. Natural de Rondônia, ela conta que
faz faculdade a distância e tem um namorado, que sabe tudo sobre sua profissão.
“Ele é rico, me dá de tudo. Mas, a mulher quando tem autonomia sobre seu
dinheiro é muito melhor. Gosto de ser dona do meu próprio negócio, aqui eu que
gerencio”.
Ela se considera sortuda, pois há
dois dias está tendo como cliente um dos primeiros exploradores da Serra da
Borda. “Para mim esse garimpo literalmente está valendo ouro. Estou me dando
bem e quero que essa movimentação continue. Minha família nem sabe, mas estão
usufruindo do dinheiro que estou ganhando com o meu corpo. Não me envergonho
disso, mas prefiro que eles continuem sem saber”.
Fonte: http://www.cenariomt.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário