Depois de depoimento de aluna da UFOP com aids, aumentou
pedido de testes de HIV e Ouro Preto
Uma mensagem anônima de uma suposta aluna da Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP) que teria sido contaminada pelo vírus do HIV em
festas de repúblicas na cidade despertou pânico na comunidade acadêmica e
provocou uma correria aos laboratórios para realização de exames.
A mensagem foi deixada em um grupo do Facebook em que
estudantes fazem postagens sem se identificar. Porém, também viralizou no
WhatsApp e a história correu por toda a cidade. Em função da repercussão, a
Secretaria de Saúde do município reforçou a cota de exames realizados pela rede
pública e antecipou a campanha de combate ao HIV, que será realizada neste
sábado (24).
A mensagem que causou toda a comoção foi postada no último
dia 18 no grupo anônimo da comunidade universitária de Ouro Preto conhecido
como Spotted Ufop. No texto, uma suposta aluna conta que ao chegar à
universidade terminou o namoro e foi morar em uma república particular.
"Passei a transar com muitos caras, mais de dez por
semana. Transava com todos os caras que eu pegava, usei camisinha apenas
algumas vezes. Na quarta-feira me ligaram do laboratório em que fiz o exame de
HIV e me pediram para repetir. Recebi a confirmação: sou soropositiva. Não faço
ideia de quem me passou nem para quantas pessoas eu possa ter transmitido.
Ninguém sabe, nem minha família, estou em desespero e acho que não devo falar
com ninguém porque logo todo mundo vai espalhar", diz o texto.
Apesar do relato, a mensagem possivelmente é falsa, já que
algumas pessoas da cidade a receberam também em grupos de WhatsApp. Porém,
nesse caso, em vez de uma mulher, é um homem que conta a mesma história. Sendo
boato ou não, o fato serviu de alerta para os estudantes e o número de procura
pelo teste de HIV aumentou 1.250% no centro de saúde que fica dentro do campus.
Se a média de procura pelo exame era de quatro pessoas por semana, somente
nesta quarta-feira dez universitários procuraram a unidade.
Demanda cresce em laboratório particular
Uma enfermeira do Centro de Saúde da Ufop conta que a
repentina alta na procura a assustou.
"Nunca vi tanto menino aqui querendo fazer o teste. Eu
vi esse boato também, acho que pode ser por causa disso. Teve até uma menina
que veio, bem novinha, dizendo que tinha que fazer o teste porque o namorado
dela mora em uma república. A acho que essa procura deve aumentar ainda mais
nos próximos dias, porque vai ter umas festas na cidade, tá chegando um feriado",
disse.
No laboratório particular Inconfidentes, a recepcionista do
local também se assustou com um número alto de universitários à procura do
teste na manhã de ontem. Como os estudantes costumam procurar diretamente o
centro de saúde no campus, não é comum ver a sala de espera lotada de jovens,
como a recepcionista viu ontem. "Também ouvi falar desse boato. Nunca vi
tanto jovem aqui. Uns meninos novinhos, deve ser por causa disso",
relatou.
Os testes que diagnosticam se o paciente é soropositivo
estão disponíveis em toda a rede pública de saúde da cidade, assim como os
remédios para o tratamento, que podem ser obtidos de forma gratuita pelo SUS.
Campanha de conscientização
A Secretaria Municipal de Saúde decidiu antecipar o Dia D,
campanha de conscientização sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs),
que aconteceria no dia 1° de dezembro, para amanhã. “Realizaremos ações de
conscientização sobre a prevenção de doenças como a Aids junto aos postos de
saúde e também em contato com a comunidade acadêmica”, explica a secretária
Sandra Brandão.
A secretária de Saúde de Ouro Preto, Sandra Brandão
Ouro Preto conta com 20 equipes que cuidam da saúde da
família, e que atendem também à cidade de Mariana. Depois do boato, a
Secretaria de Saúde se reuniu com os profissionais para alinhar as ações e
atender a demanda crescente pelos testes de HIV.
Os universitários evitam falar sobre o assunto. Uma
estudante, de 22 anos, afirma que usa camisinha. "Mas tenho uma amiga que
não. Ela fala que não precisa porque tem namorado e confia nele", disse.
Outro estudante, de 24 anos, acredita que festas entre
jovens regadas à álcool e drogas, onde o sexo livre é comum, acontecem em todos
os lugares do mundo. “Só que aqui os jovens ficam mais concentrados, assim como
essa movimentação, então é mais fácil de perceber. Na UFMG, por exemplo,
acontece a mesma coisa, mas lá não há essa concentração como aqui, que é uma
cidade pequena, cheia de universitários”. Ele também confessa que, como namora,
não usa camisinha.
Possível boato começou entre alunos da UFOP
Números
Atualmente, em Ouro Preto e Mariana, 58 pessoas estão em
tratamento por causa do HIV, sendo que destes, 11 casos surgiram somente neste
ano.
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário