Segundo uma recente pesquisa
feita pela Plan International no Brasil, parte da campanha Por Ser Menina,
muitas meninas brasileiras são forçadas a deixar de ser crianças para assumirem
funções e papéis impostos por causa do seu gênero.
Esse quadro começa pela
divisão de trabalho doméstico, que é diretamente associado como obrigação das
meninas e não dos meninos. Por isso, as garotas que fizeram parte da pesquisa
revelam uma triste realidade: enquanto limpam, lavam, passam e cuidam dos
irmãos mais novos, os garotos da mesma casa e família têm mais tempo livre para
estudar e brincar.
Isso também se reflete em
violações de direitos, como meninas menores de 16 anos trabalhando,
principalmente como empregadas domésticas e babás. Outras funções desempenhadas
pelas garotas da pesquisa envolvem trabalhos como catação, engraxate e vigia de
carros, ou ainda o trabalho na agricultura, pecuária ou pesca.
Os dados da pesquisa também
evidenciam a forma como as meninas se sentem no ambiente doméstico e escolar,
lugares onde muitas vezes são criticadas de maneira agressiva, vivem sob
violência e sentem que não podem se expressar ou fazer algo que gostariam
unicamente pelo fato de serem meninas. Além disso, ainda há a realidade dos
relacionamentos abusivos e da violência sexual. Muitas das meninas de regiões
rurais ou em situações de mais vulnerabilidade acabam casando muito cedo,
tornando-se responsáveis pelos próprios filhos e pelo cuidado de um homem
adulto.
Portanto, no dia 12 de outubro,
precisamos falar sobre as meninas que não têm o direito de viver como crianças.
O machismo, a pobreza e o racismo se juntam em uma equação que prejudica as
garotas de maneira profunda, grave e irreparável, cujas consequências são
estupros, abandono escolar e uma vida de trabalho sem escolhas viáveis. Numa
cultura que estimula o consumismo em datas como essa e que alega proteger as
crianças, a denúncia da realidade expõe a hipocrisia da sociedade. A realidade
é que algumas crianças são mais protegidas do que outras e têm mais direitos e
mais chances de viver como crianças.
A naturalização dessa injustiça
social contra meninas tem feito vítimas reais todos os dias. Para entender
melhor um das faces dessa realidade, faça o download do documento que conta
todos os detalhes da pesquisa aqui citada. Lembre-se também que além das meninas
que foram entrevistadas, há milhares de outras que não conseguiram ser
alcançadas, em situações ainda piores. Para muitas meninas, ser criança não é
um direito garantido.
Fonte: http://www.revistaforum.com.br/
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