Crianças teriam sido molestadas
por soldados franceses em missão de paz em 2014. Segundo as vítimas, que tinham
entre 8 e 11 anos, os militares pediam que as crianças fizessem sexo em troca
de comida.
O alto comissário da Organização
das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Zeid Raad al-Hussein, afirmou
neste sábado (30) que enviará uma equipe à República Centro-Africana para
apurar "possíveis medidas para lidar com violações de diretos
humanos" por parte de missões de paz da ONU no país, incluindo possíveis casos
de abuso sexual de menores.
Documentos de uma investigação
interna da ONU, vazados nos últimos meses, contêm depoimentos de crianças que
teriam sido molestadas por soldados franceses em missão de paz em 2014. Segundo
as vítimas, que tinham entre 8 e 11 anos, os militares pediam que as crianças
fizessem sexo em troca de comida. Em alguns casos, elas relatam que sequer
sabiam o que estavam fazendo. Uma das crianças, de 9 anos, chegou a ser
espancada pela própria mãe ao contar o que havia acontecido.
A decisão da ONU de investigar as
alegações ocorre após uma organização não-governamental (ONG) ter vazado mais
documentos na última sexta-feira (29). Neles, integrantes da ONU se mostram
mais preocupados em descobrir a fonte do vazamento do que colaborar com o
governo francês, que investigava os casos. Outros documentos, marcados como
"estritamente confidenciais", revelam que o alto escalão de direitos
humanos da ONU tardou meses para investigar as acusações - que seu próprio
escritório havia coletado.
Até então, nenhuma prisão foi
anunciada e não está claro onde estão os soldados acusados de abusar
sexualmente dos menores. A ONU também não informa se os abusos cessaram e por
quanto tempo continuou investigando os casos.
A França chegou a enviar soldados
para investigar o caso na missão de paz da ONU, em agosto de 2014, mas os
militares foram orientados a dialogar com representantes da entidade em
Genebra. Somente em março do ano seguinte a ONU enviou relatório à França sobre
o caso. O documento, contudo, era o mesmo que as autoridades do país já
dispunham no que a ONU considerou uma "quebra de protocolo".
O caso expõe uma fragilidade na
instituição que considera os Direitos Humanos um de seus três pilares, já que a
ONU não dispõe de orientações específicas sobre como lidar com alegações de
abuso sexual de menores e também não requer que seus integrantes reportem
imediatamente a questão à cúpula da entidade.
Fonte; O Estadão
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