Neste mesmo dia, há exatos
quarenta anos, 150 prostitutas ocuparam a igreja Saint-Nizier, em Lyon (França)
para protestar contra multas, detenções e assassinatos de colegas de profissão.
Naquela cidade, maridos e filhos de prostitutas eram processados por se
beneficiar do rendimento das mulheres, e as tabernas e hotéis pararam de alugar
quartos para mulheres profissionais do sexo por medo da repressão policial.
Em
homenagem àquelas mulheres e para lembrar sobre a situação das prostitutas
atualmente, o movimento organizado declarou 2 de junho como o Dia Internacional
da Prostituta.
No Brasil, as profissionais do
sexo começaram a se organizar no final dos anos 70, com a luta da ‘puta’ (como
gostava de ser chamada) Gabriela Leite. Gabriela estudou filosofia na
Universidade de São Paulo (USP), mas não se formou porque decidiu seguir outra
profissão aos 22 anos: a de prostituta.
Gabriela criou a primeira
Associação de Prostitutas do Brasil, o DAVIDA, no Rio de Janeiro, além de criar
uma rádio, um jornal, uma grife (DASPU) e organizar encontros nacionais de
prostitutas. Para contar sua trajetória, ela escreveu também o livro “Filha,
mãe, avó e puta”. Gabriela foi candidata à Deputada Federal em 2010, mas não
foi eleita, e faleceu em 2013, não sem antes deixar um legado para todas as
ativistas do Brasil (e da América Latina).
Foi a partir dos primeiros
encontros nacionais que Gabriela ‘plantou a semente’ do movimento, e hoje em
dia são diversas as Associações: APROSMIG (Associação das Prostitutas de Minas
Gerais), Associação das Profissionais do Sexo de Campinas, APROSRN (Associação
das Profissionais do Sexo do Rio Grande do Norte),e muitas outras, como a
GEMPAC (Grupo de Mulheres Prostitutas do Pará), coordenada por uma das
prostitutas mais velhas do Brasil, Lourdes Barreto, que lutou ao lado de
Gabriela por muitos anos.
Desde o criação do movimento, o
principal objetivo das prostitutas tem sido acabar com o estigma social em que
vivem, o preconceito, a violência policial. Em 2002, elas conseguiram colocar a
prostituição no Código Brasileiro de Ocupações, mas muitas ainda lutam pela regulamentação
da profissão.
Foi Fernando Gabeira (PT-RJ), o
primeiro a fazer um projeto de lei propondo a revogação dos artigos sobre
prostituição no Código Penal (Cap. V, Art. 227 a 232) e a regulamentação do
trabalho como profissional do sexo. O projeto foi arquivado. Confira o projeto AQUI.
Eleito em 2014, o Deputado Jean
Wyllis reformulou a PL e batizou-a de ‘Gabriela Leite’. Apesar de a
prostituição não ser crime no Brasil, é crime aliciar, incentivar ou se
aproveitar das prostitutas. Confira o projeto de lei de Jean Wyllis AQUI.
Para saber mais sobre a
trajetória de Gabriela Leite, visite o site do documentário “Um Beijo para Gabriela”, de Laura Murray.
Situação em Mato Grosso
Em Cuiabá ainda não existe um
grupo de prostitutas organizadas e associadas. No entanto, a situação dessas
mulheres é estudado nas esferas intelectuais. O livro ‘RuAção’, especialmente o
capítulo da doutoranda Cláudia Cristina Ferreira Carvalho do professor Augusto
Passos, por exemplo, traz resultados da pesquisa que eles fizeram com os grupos
que vivem nas ruas, em especial as travestis e as profissionais do sexo.
O capítulo foi produzido nos
meses que antecederam a Copa do Mundo no Brasil, e analisou especificamente
como foram tratadas as pessoas em situação de rua na capital mato-grossense, a
famosa ‘higienização’ e a relação das profissionais do sexo com a força
policial.
http://www.olhardireto.com.br/
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