terça-feira, 21 de outubro de 2014

Mulheres que lutam contra o câncer viram modelos e ganham autoestima

As histórias de 31 mulheres que lutam contra o câncer foram contadas em forma de depoimento e retratadas em um ensaio fotográfico. Elas querem mostrar que é possível seguir em frente, vencer a doença, os obstáculos da vida e viver com mais beleza e intensidade, mesmo que, muitas vezes, tenham um futuro incerto.

Durante todo o mês de outubro, um vídeo de cada uma delas é divulgado na página do projeto para conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção do câncer de mama.

Aos 36 anos, Valéria Kenchicoski foi diagnosticada com câncer de mama. Ela retirou parte da mama e fez radioterapia. Durante o processo, compartilhou a luta contra o câncer e criou o projeto ‘Vivi e Venci’ para levar mensagens de autoestima e esperança para pacientes com a doença. No começo deste ano, Valeria descobriu o câncer pela segunda vez. Dois nódulos apareceram na mama dela. Quando estava se preparando para a cirurgia, os exames apontaram que ela tinha metástase no pulmão.

Apesar das adversidades, Valéria percebeu que precisava continuar divulgando mensagens positivas para pacientes oncológicos. Ela criou o projeto ‘Enfrente’, que oferece apoio filantrópico à pacientes portadores de câncer, bem como familiares, cuidadores e profissionais da área da saúde, com foco na parte mental, espiritual e física das pessoas assistidas.  “A ideia é abranger qualquer tipo de pessoa para que ela tenha a ideia de enfrentar os problemas do dia a dia”, explica.


Em contato com o fotógrafo Roberto Mariotto, ela teve a ideia de montar um ensaio fotográfico e uma série de depoimentos com mulheres vítimas de câncer, para lembrar não apenas o outubro rosa, mas também elevar a autoestima de muitas pessoas.

Valéria postou a novidade na página do projeto. Ao todo, 31 mulheres que vivem ou viveram com câncer foram selecionadas. “São vários tipos de câncer. O outubro rosa virou o outubro colorido”, brinca ela. As modelos foram orientadas a trazer três roupas diferentes e um objeto de estimação que pudesse representá-las. Primeiro, elas gravaram um depoimento, contando sua história de luta contra o câncer. Depois, foram fotografadas por Mariotto. “A gente está tentando fotografar a vida. Não o câncer. A beleza que está em cada uma”, diz o fotógrafo. As gravações e as fotos foram feitas em setembro, sob a coordenação de Valéria. A cada história, uma emoção e uma lição de vida. A cada ensaio, uma mulher que saia do local mais feliz. “Todas elas têm uma mensagem para passar. A gente tenta tirar a essência de cada uma”, diz Valéria.

Márcia Aparecida Lima, de 48 anos, veio de São Paulo para fazer as fotos e contar a história dela, que teve câncer de mama e precisou retirar um dos seios, há cinco anos. Depois de passar pelo cabeleireiro e maquiador, ela estava pronta para se sentir uma verdadeira modelo. “Estou totalmente ansiosa. A gente tem a vontade de mostrar que é possível conviver, passar pelo diagnóstico e pelo tratamento”, fala.


Marcia teve câncer e participou do ensaio fotográfico (Foto: Mariane Rossi/G1)

A funcionária pública Ângela Maria Laranjeira, de 55 anos, também participou. Ela teve câncer de mama há 10 anos. “Sempre me cuidei e descobri a doença no começo”, diz. Após o cansativo tratamento com quimioterapia e radioterapia, ela está curada e até voltou para o trabalho.

Porém, a maioria das modelos ainda não terminou o tratamento. O ensaio fotográfico acaba ajudando as próprias voluntárias, que se sentem mais valorizadas e mais bonitas. “Nessas histórias, muitas perdem os parceiros, são abandonadas. Aqui é uma descoberta de feminilidade, de autoestima. Estamos conseguindo extrair isso de cada uma delas. Queremos mostrar que o câncer não é o fim da linha. É o começo de algo intenso”, diz Valeria.

As fotos e os vídeos estão sendo postados neste mês de outubro na fan page do projeto. Valéria e Mariotto querem expandir o trabalho e levar a história dessas mulheres para outros locais. “Queremos transformar isso em uma exposição de uma forma mais tradicional. Tudo foi feito com parcerias filantrópicas. Precisamos imprimir as fotos, dá uns R$ 200 por modelo. Tendo as fotos impressas, a exposição poderá ser itinerante, pode durar o ano inteiro”, fala Valeria.

A ação é uma homenagem não só para as modelos, mas também para as outras mulheres que passam pela mesma situação ou que se emocionam com as histórias contadas. “Elas continuam vivendo, apesar de perder parte da vida. Cada momento é muito valioso. Tudo é muito intenso. É muito bonito. Elas conseguem viver apesar de perder o controle da vida por tempo indeterminado”, diz Mariotto.

Fonte: G1 Globo

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