Caro candidato, tamanha é minha
indignação como jovem, mulher e feminista que não poderia deixar de escrever
essas linhas. Sua candidatura tem servido para estimular o ódio contra as
mulheres e reforçar a cultura machista que tanto temos lutado para combater.
Muito tem me incomodado e a
milhares de brasileiras a forma como você tem se referido as mulheres. Para
você o Brasil ainda se divide entre “donas de casas” e “trabalhadores”. A velha
divisão sexual do trabalho. Parece que
você não sabe, mas as donas de casa também são trabalhadoras. E, as mulheres
tem ocupado entre tantas funções, aquelas que no passado eram apenas
masculinas. Hoje, temos mais oportunidades, alto-estima e direitos
conquistados. Somos o Brasil da seleção hexacampeã da Copa América de futebol
feminino, golaço! As mulheres hoje são bandeirinhas, empresárias, engenheiras.
Batem um bolão dentro e fora de campo. E, imagine só, chegamos até a
Presidência da República.
Como se não bastasse o caso de
agressão contra sua namorada, publicamente divulgado nas redes sociais e demais
meios de comunicação, são frequentes os ataques de ódio e incitação à violência
contra as mulheres através de seus correligionários e apoiadores. No último
debate, seus assessores receberam a Presidenta da República aos gritos de:
Vaca! Enquanto isso o Pastor Malafaia,
em seu twitter fazia piada com a violência doméstica e a Lei Maria da Penha,
direito conquistado com muita luta pelas mulheres brasileiras. Piadas sem graça, xingamentos machistas. Ofendem não apenas a Presidenta Dilma. Mas, a
todas as brasileiras que nos últimos anos escreveram uma nova página na
história desse país. Quanto as propostas para as mulheres a resposta foi: nenhuma.
Essa é a proposta de sua campanha para as mulheres? Mais violência, menos
respeito?
Somos mais 52% da população e do
eleitorado brasileiro, somos a maioria nas universidades, a maioria no
PRONATEC. Somos as mais beneficiadas com o Bolsa Família e o Minha Casa Minha
Vida. Somos 67% da população economicamente ativa com carteira assinada. E, ao
contrário do que o candidato disse no debate da Band não queremos um salário
“mais próximo do que tem os homens”. Queremos um salário igual ao dos homens.
Essa é uma luta histórica dos movimentos feministas e centrais sindicais:
salário igual para, trabalho igual!
É candidato, saiba que essa
geração de mulheres, que nascem e crescem num país governado por mulher e as
que lutaram para chegarmos até aqui, não toleram o “dedo em riste”, não são
“levianas”, nem “mentirosas”, muito menos “ignorantes”! Enquanto você saía de
Minas para passear. Dilma saiu de Minas Gerais perseguida por lutar por
liberdade e democracia.
Dilma, representada todas nós,
mulheres, jovens, idosas, brancas, negras, indígenas, quilombolas, ciganas,
trabalhadoras do campo e da cidade, casadas, solteiras, héteros, lésbicas, bi e
transexuais que lutam ainda hoje para nos libertar das correntes do
patriarcado. Lutamos para ocupar mais espaços de poder e ajudar a decidir os
rumos do país que ajudamos a construir. Por isso, lutamos por uma reforma
política que aprofunde e consolide a democracia brasileira empoderando as
mulheres.
Por muito tempo o machismo tentou
nos calar e afastar da política. Dilma, representa a força e a voz das
brasileiras que tem coração valente! Há
apenas 82 anos conquistamos o direito de votar e sermos votadas. Depois da
conquista do voto feminismo a eleição de Dilma, é a principal conquista das
mulheres brasileiras.
Lugar de mulher é na política,
candidato. Não nascemos para ser apenas primeira- damas, mais para governar ao
lado dos homens. Independente do peso, da cor da pele, do cabelo, do tamanho.
Nossa beleza não tem padrão! E, não é critério para participação na política
como afirmam as declarações machistas de seus apoiadores nas redes sociais que
chegam à exaltá-lo como “herói” ao apresentar suas ex-namoradas como “troféu”.
Para você as mulheres ainda são
“donas de casas”. No Brasil de Dilma as mulheres podem sonham em ser
Presidentas da República. No Brasil que você defende violência contra a mulher
é piada. No Brasil de Dilma, a violência doméstica é crime. O Governo da
primeira mulher Presidenta da República fez pelas mulheres o que nenhum outro
governo fez. Não vamos retroceder! Lugar de agressor de mulher é na cadeia,
candidato. E não na Presidência da República!
No próximo dia 26 as mulheres
votarão contra o desemprego, contra o neoliberalismo, contra o machismo, pelo
fim da impunidade e da violência contra as mulheres.
Não voto em homem que bate em
mulher!
Maria das Neves, Diretora
Nacional de Jovens Feministas da UJS
Fonte: www.ujs.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário