Assim é Jesus. Ele vem sempre ao encontro daqueles que não
são acolhidos oficialmente pela religião. Não abandona quem o procura e ama-os
mesmo que sejam excluídos das comunidades e instituições religiosas. Os que não
têm sítio nas nossas igrejas têm um lugar privilegiado no Seu coração.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo e o evangelho de
Jesus Cristo segundo João 9,1-41, que corresponde ao Quarto Domingo de Quaresma,
ciclo A do ano litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto.
É cego de nascimento. Nem ele nem seus pais têm culpa
alguma, mas o seu destino ficará marcado para sempre. As pessoas olham-no como
um pecador castigado por Deus. Os Jesus
olha-o de forma diferente. Desde que o viu, só pensa em resgatá-lo daquela vida
desgraçada de mendigo, desprezado por todos como pecador. Ele sente-se chamado
por Deus para defender, acolher e curar precisamente os que vivem excluídos e
humilhados.
Depois de uma cura trabalhosa em que ele também tem que
colaborar com Jesus, o cego descobre pela primeira vez a luz. O encontro com
Jesus mudou a sua vida. Por fim poderá desfrutar de uma vida digna, sem temor
de se envergonhar ante ninguém.
Engana-se. Os dirigentes religiosos sentem-se obrigados a
controlar a pureza da religião. Eles sabem quem não é pecador e quem está em
pecado. Eles decidirão se pode ser aceito na comunidade religiosa.
O mendigo curado confessa abertamente que foi Jesus quem se
aproximou e o curou, mas os fariseus rejeitam-no irritados: “Nós sabemos que
esse homem é um pecador”. O homem insiste em defender Jesus: é um profeta, vem
de Deus. Os fariseus não o podem aguentar: “Amaldiçoado nasceste dos pés à
cabeça, e tu vais dar-nos lições?”.
O evangelista diz que, “quando Jesus ouviu que o tinham
expulsado, foi encontrar-se com ele”. O diálogo é breve. Quando Jesus lhe
pergunta se crê no Messias, o expulso diz: “E, quem é, Senhor, para que eu
creia Nele?”. Jesus responde-lhe comovido: Não está longe de ti. “Estás a
vê-Lo; o que te está a falar, esse é ele”. O mendigo diz-lhe: “Creio, Senhor”.
Assim é Jesus. Ele vem sempre ao encontro daqueles que não
são acolhidos oficialmente pela religião. Não abandona quem o procura e ama-os
mesmo que sejam excluídos das comunidades e instituições religiosas. Os que não
têm sítio nas nossas igrejas têm um lugar privilegiado no Seu coração.
Quem levará hoje esta mensagem de Jesus até esses grupos
que, a qualquer momento, escutam condenações públicas injustas de líderes
religiosos cegos; que se aproximam das celebrações cristãs com medo de ser
reconhecidos; que não podem comungar com paz nas nossas eucaristias; que se
veem obrigados a viver a sua fé em Jesus no silêncio do seu coração, quase de
forma secreta e clandestina? Amigos e amigas desconhecidos, não se esqueçam:
quando os cristãos os rejeitam, Jesus acolhe-os.
Fonte: Ihu
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