Aos 26 anos, M* convive com as lembranças do estupro que
sofreu em 2007, quando tinha 19 anos. Ela foi forçada a manter relação sexual
com seu ex-namorado.
“Durante três semanas, eu não era ninguém. Fiquei muito
abalada”. Na época, ela era estudante de História da Universidade Federal
Fluminense (UFF). Por medo da pressão familiar, M* não registrou boletim de
ocorrência (BO). A história de M* comprova os resultados do Dossiê Mulher 2013,
produzido pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
Segundo o relatório, a maioria dos agressores é conhecida da
vítima. “Eu gritava, mas ninguém ouvia. Ele viu que eu estava chorando e
continuou. Depois, ele agiu como se nada tivesse acontecido. Ainda tivemos de
conviver até 2010”, contou.
Conforme o dossiê,
51,2% das vítimas conheciam o agressor. Deste número, 11,5% eram conhecidos em
geral, 29,7% tinham algum grau de parentesco e 10% eram companheiros ou
ex-companheiros.
“Como feminista, minha função é dar o depoimento e ajudar as
mulheres a superar esse trauma” , fala M*, que atualmente milita na Casa da
Mulher Trabalhadora (CAMTRA) e no Coletivo de Mulheres da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (Uerj). “Posso garantir que a maioria já sofreu algum tipo de
violência sexual, mas não consegue falar”, completa.
Na madrugada da última sexta-feira (13), M* foi vítima de
abuso sexual mais uma vez. Moradora de Irajá, ela foi abusada dentro do ônibus,
quando voltava para casa.
“Estava muito cansada e peguei no sono. Quando acordei um
cara pegava na minha mão e se masturbava. Ele gozou e respingou na minha perna
e no vestido”, descreveu. “Não faço a ideia de quem ele era. O trocador estava
olhando e não fez nada”.
Quase 5 mil foram
estupradas em 2012
O último Dossiê Mulher aponta que 4.993 mulheres foram
estupradas no estado, em 2012. Em comparação com 2011, representa um aumento de
23,8%.
Neste ano, vários casos de estupro tomaram as páginas dos
jornais no Rio. Um dos casos que mais repercutiram foi o da turista estuprada
por três homens em uma van.
“Ao serem estupradas, as mulheres se sentem culpadas. O
primeiro sentimento é de muita vergonha. O mais grave é que, por falta de
informação, isto acaba criminalizando a mulher. Como consequência, dificilmente
ela registra a ocorrência e não toma a pílula do dia seguinte”, comentou
Rogéria Peixinho, da Associação das Mulheres do Brasil (AMB).
Condenação de Pastor
Marcos é emblemática
O pastor Marcos Pereira da Silva, da Igreja Assembleia de
Deus dos Últimos Dias, foi condenado a 15 anos de prisão por estupro
recentemente.
Os crimes foram cometidos em São João de Meriti, na Baixada
Fluminense. Uma das testemunhas contou que foi estuprada dos 14 aos 22 anos.
Este é outro resultado do Dossiê Mulher: a maioria das vítimas, 51,4%, é de
crianças de até 14 anos.
“É uma condenação emblemática, eu acho que ele mereceria
muito mais que 15 anos. Essas punições ajudam muito, mas junto com isso tem de
ter conversas nas escolas e mais políticas de segurança para mulheres”, disse
Rogéria.
O pastor está preso desde o dia 8 de maio em Bangu 2. A
polícia ainda investiga se outras 20 mulheres que moravam na igreja também
foram estupradas. Como essa decisão foi tomada em primeira instância, ainda
cabe recurso.
Fonte: (Vivian
Virissimo) Brasil de Fato
Em caso de
estupro: o que fazer?
1. Não tomar banho (para garantir provas para exame de corpo
delito)
2. Ir à Delegacia da
Mulher, ou qualquer delegacia, registrar BO.
3. Ir a uma Unidade
de Saúde para tomar a pílula do dia seguinte e um coquetel de remédios que
previne doenças. (Não precisa de BO)
Fonte: Ministério da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário