“Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” Por que há pessoas afastadas da prática religiosa que sentem uma sincera admiração e agradecimento por Jesus, enquanto alguns cristãos não sentem nada por Ele? Bento XVI advertiu, faz alguns anos, que um agnóstico que está na busca pode estar mais perto de Deus do que um cristão rotineiro, que é cristão somente por tradição ou por herança. Uma fé que não gera nos crentes alegria e agradecimento é uma fé enferma.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de
Jesus Cristo segundo Lucas 17,11-19 que corresponde ao Domingo 28 do Tempo
Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
A narração inicia com a cura de um grupo de dez leprosos nas
proximidades de Samaria. Mas, desta vez, Lucas não se detém nos detalhes da
cura, senão na reação de um dos leprosos ao ver-se curado. O evangelista
descreve cuidadosamente todos os seus passos, pois deseja movimentar a fé
rotineira de muitos cristãos.
Jesus pede aos leprosos que se apresentem aos sacerdotes
para obter a autorização que lhes permita se integrar na sociedade. Mas um
deles, de origem samaritana, ao ver que está curado, em vez de ir aos
sacerdotes, volta atrás em busca de Jesus. Ele sente que começa uma nova vida.
Daí em diante, tudo será diferente: poderá viver de forma mais digna e feliz.
Sabe a quem deve isso. Ele precisa encontrar-se com Jesus.
Ele volta atrás “dando glória a Deus em alta voz”. Sabe que
a força salvadora de Jesus só pode ter sua origem em Deus. Agora sente algo
novo por esse Pai Amoroso de quem Jesus fala. Nunca se esquecerá. Daí em diante
viverá agradecendo a Deus. Dará glória com todas as suas forças. Todos devem
saber que ele se sente amado por Deus.
Ao encontrar-se com Jesus, “joga-se aos seus pés, e lhe
agradece”. Seus colegas seguiram o caminho para se encontrarem com os
sacerdotes, mas ele sabe que Jesus é o único Salvador. Por isso está ao seu
lado, agradecendo-lhe. Em Jesus ele encontrou o melhor presente de Deus.
Quando conclui a narração, Jesus toma a palavra e faz três
perguntas que expressam sua admiração diante do acontecido. Não dirige a
palavra ao samaritano que está aos seus pés. Suas palavras reúnem a mensagem
que Lucas quer que seja ouvida nas comunidades cristãs. “Não foram dez os
curados?”. Não foram curados todos? Por que não reconhecem o que receberam de
Jesus? E os outros nove, onde estão? Por que não estão ali? Por que há tantos
cristãos que vivem sem dar graças a Deus quase nunca? Por que eles não sentem
nenhum agradecimento especial por Jesus? Não o conhecem? Jesus não significa
nada para eles?
“Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser
este estrangeiro?” Por que há pessoas afastadas da prática religiosa que sentem
uma sincera admiração e agradecimento por Jesus, enquanto alguns cristãos não
sentem nada por Ele? Bento XVI advertiu, faz alguns anos, que um agnóstico que
está na busca pode estar mais perto de Deus do que um cristão rotineiro, que é
cristão somente por tradição ou por herança. Uma fé que não gera nos crentes
alegria e agradecimento é uma fé enferma.
Fonte: ihu
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