"Sobe e desce na Guaicurus - pelas portas de uma zona de prostituição" é um livro-reportagem sobre o cotidiano e a história da zona de baixo meretrício de Belo Horizonte. do jornalista Tarcísio Badaró.
O livro desvenda as curiosas histórias de quem está inserido no cotidiano do famoso ponto boêmio da cidade.
Segundo Tarcísio, as casas de prostituição da Guaicurus atraíam homens da alta sociedade e até celebridades.
Durante dois anos, o jornalista Tarcísio Badaró foi atrás
dos relatos de personagens envolvidos no cotidiano de um dos pontos de
prostituição mais famosos e movimentados da cidade: a rua Guaicurus, no Centro.
Conquistar a confiança das garotas de programa e clientes que sobem e descem as
escadas dos cerca de vinte “hotéis” instalados ao longo dos cinco quarteirões,
além de proprietários e comerciantes, não foi nada fácil.
“A aproximação foi lenta. Frequentei o ambiente para só
depois me apresentar como repórter. A insistência serviu para quebrar as
barreiras. É difícil para as garotas falar sobre isso. E às vezes nem é do
interesse que se fale”, revela o autor de “Sobe e Desce na Guaicurus – Pelas
Portas de uma Zona de Prostituição”.
A zona boêmia é quase tão antiga quanto a capital. Entre as
décadas de 1920 e 1940, antes de virar uma zona de baixo meretrício, lá
funcionavam cassinos e cabarés luxuosos – como o famoso Montanhês. As casas
atraíam homens da alta sociedade, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek, o
poeta Carlos Drummond de Andrade, o escritor Pedro Nava e o sambista Noel Rosa.
Reza a lenda que o cineasta Orson Welles e até a seleção inteira do Uruguai
decidiram conhecer e se divertir no ponto de encontro.
Hoje, os “hotéis” abrigam cerca de mil mulheres que fazem em
média oito mil programas ao dia num negócio que movimenta aproximadamente R$
150 mil, nas contas do jornalista. Os programas básicos custam até R$ 30 e há
até mesmo os dias de “pico”: início do mês (após o depósito do salário) e
dezembro (explicado pelo pagamento do 13º).
Com um olhar interessado em desvendar histórias curiosa e
fantásticas, Badaró descobriu jovens garotas e senhoras de 70 anos de idade que
sobrevivem do prazer alheio.
“Os caminhos que levam à prostituição são vários:
dificuldade com a família, agressão, envolvimento com drogas e crimes. Ou
simplesmente por ser uma área que dá dinheiro. Há prostitutas com curso
superior que se dão melhor profissionalmente do que na carreira que estudaram”,
aponta o jornalista. Entre os clientes, em sua maioria humildes, há quem vá ao
local para compensar problemas psicológicos ou porque aprecia o ambiente.
“A Guaicurus está imbricada na vida de quase todo mundo. Mas
as pessoas evitam enxergá-la. E ela está ligada à história da cidade, temos até
o ‘Hilda Furacão’ [de Roberto Drummond], romance que foi ambientado lá”.
Fonte: Band
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