A prostituição de rua em Lisboa diminuiu nos últimos cinco
anos, segundo um levantamento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que
aponta para uma predominância das portuguesas e aumento das prostitutas
brasileiras e romenas.
O trabalho de pesquisa do SEF foi realizado no primeiro
trimestre dos anos entre 2006 e 2011 nas várias zonas da cidade de Lisboa onde
há prostituição de rua, "com o objetivo de caraterizar este fenómeno
associado à imigração ilegal e ao tráfico de seres humanos".
"Esta incursão no terreno elegeu como 'palcos' de
observação as zonas do Poço do Borratém, Intendente, Instituto Superior
Técnico, Parque Eduardo VII, Belém, Cais do Sodré, Artilharia Um, Conde de
Redondo, Avenida da Liberdade, Monsanto e Cidade Universitária", lê-se no
documento a que a Lusa teve acesso.
De acordo com o levantamento, em 2006 foram contabilizadas
198 prostitutas e prostitutos, entre 114 de nacionalidade portuguesa, 21
brasileira, 10 romena, 48 africana e cinco de outras nacionalidades.
Já em 2011 foram identificadas 176 prostitutas e
prostitutos, 100 de nacionalidade portuguesa, 27 brasileira, 15 romena, 31
africana e três de outras nacionalidades.
"Da visualização dos dados representados,
comparativamente ao ano de 2006, observou-se um ligeiro decréscimo do número de
mulheres na atividade de prostituição de rua, sobretudo de mulheres portuguesas
e africanas, havendo, no entanto, um pequeno acréscimo de prostitutas(os) brasileiras(os)
e romenas", aponta o SEF.
Acrescenta, contudo, que "a nacionalidade mais
representativa continua a ser a portuguesa e, no grupo dos imigrantes, os de
origem africana e brasileira".
A análise é refutada por algumas organizações que trabalham
junto desta população, segundo as quais a prostituição de rua tem vindo a
aumentar.
Da parte das equipas de rua da Obra Social Irmãs Oblatas, a
perceção é que entre 2010 e 2011 houve um "aumento ligeiro" nas zonas
onde intervêm, nomeadamente Artilharia Um, Instituto Superior Técnico,
Intendente e Praça da Figueira.
Segundo a associação "O Ninho", está a aumentar o
recurso à prostituição, admitindo, no entanto, que algumas prostitutas estejam
a optar por exercer a sua atividade em apartamentos.
No que diz respeito às zonas, o SEF verificou que a Avenida
da Liberdade, Monsanto e a Cidade Universitária "deixaram de constar do
'roteiro sexual'", tendo havido um decréscimo no número de prostitutas(os)
"em zonas ancestrais como o Intendente, Conde de Redondo e Técnico",
ao mesmo tempo que se registou "uma maior concentração na zona da
Artilharia Um".
"Relativamente à faixa etária, o grupo das mulheres
romenas continua a ser o mais jovem, com idade inferior a 25 anos, sendo o
grupo das mulheres portuguesas aquele onde se verifica uma maior variação, o
que pode ser explicado pela longa permanência nesta atividade de prostituição,
constatando-se que algumas mulheres têm idade superior a 60 anos", aponta
o SEF.
De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, este
trabalho permitiu confirmar que "este fenómeno sofreu poucas alterações no
período de cinco anos, quer nos locais, (...) quer na rotatividade das mulheres
envolvidas, verificando-se a permanência de um número elevado de mulheres
estrangeiras, já identificadas em 2006, nesta prática de rua".
As zonas onde foi detetado um maior movimento são as mesmas
de 2006 (Baixa, Intendente, Técnico e Artilharia Um), "apesar da recente
flutuação do número de indivíduos que aí se prostitui, coincidindo também com
os locais onde foi observado o maior número de estrangeiros", refere o
SEF, acrescentando que os dias da semana em que se regista maior afluência é
entre quinta-feira e sábado.
Por outro lado, o SEF aponta que, apesar da angariação dos
clientes ser feita na via pública, as práticas sexuais decorrem normalmente em
pensões e residenciais, "com a expressa conivência e lucro dos respetivos
proprietários e/ou gerentes".
Entre as mulheres com quem o SEF contactou, a pobreza e as
dificuldades económicas a curto e médio prazo foram as principais razões
apontadas para a prática da prostituição. Já em relação aos prostitutos, cuja
visibilidade é mais reduzida e concentrada em zonas específicas, é também
apontada a busca de afeto e de prazer sexual.
Fonte: www.dn.pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário