Jesus oferece às prostitutas sua compreensão e a sua
amizade. Hão de sentir-se acolhidos por Deus. São as primeiras. Nada têm a
temer. Jesus acolhe-as tal como são, sem exigir-lhes previamente nada.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de
Jesus Cristo segundo Lucas 15, 1-32, que corresponde ao 24º Domingo do Tempo
Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola
comenta o texto.
O gesto mais provocador e escandaloso de Jesus foi, sem
dúvida, a sua forma de acolher com especial simpatia a pecadoras e pecadores,
excluídos pelos dirigentes religiosos e marcados socialmente pela sua conduta à
margem da Lei. O que mais irritava era o seu hábito de comer amistosamente com
eles.
Normalmente, esquecemos que Jesus criou uma situação
surpreendente na sociedade do seu tempo. Os pecadores não fogem dele. Pelo
contrário, sentem-se atraídos pela sua pessoa e por sua mensagem. Lucas nos diz
que ”os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o
escutar”. Ao que parece, encontram nele um acolhimento e compreensão que não
encontram em nenhuma outra parte.
Entretanto, os setores fariseus e os doutores da Lei, os
homens de maior prestígio moral e religioso perante o povo, só sabem criticar,
escandalizados, o comportamento de Jesus: “Esse homem acolhe pecadores, e come
com eles!”. Como pode um homem de Deus comer na mesma mesa com aquela gente
pecadora e indesejável?
Jesus nunca fez caso das suas críticas. Ele sabia que Deus
não é o Juiz severo e rigoroso de que falam, com tanta segurança, aqueles
mestres que ocupavam os primeiros assentos nas sinagogas. Ele conhece bem o
coração do Pai. Deus entende os pecadores; oferece o seu perdão a todos; não
exclui ninguém; perdoa tudo. Ninguém há de obscurecer e desfigurar o seu perdão
insondável e gratuito.
Por isso, Jesus oferece-lhe a sua compreensão e a sua
amizade. Aquelas prostitutas e aqueles cobradores hão de sentir-se acolhidos
por Deus. São os primeiros. Nada têm a temer. Podem sentar-se à sua mesa, beber
vinho e cantar cânticos junto a Jesus. O seu acolhimento vai curando-os por
dentro. Libera-os da vergonha e da humilhação. Devolve-lhes a alegria de viver.
Jesus acolhe-os tal como são, sem exigir-lhes previamente
nada. Vai contagiando-os com sua paz e sua confiança em Deus, sem estar seguro
de que responderão mudando a sua conduta.
Faz confiando totalmente na misericórdia de Deus que já os está
esperando com os braços abertos, como um pai bom que corre ao encontro do seu
filho perdido.
A primeira tarefa de uma Igreja fiel a Jesus não é condenar
os pecadores, mas compreendê-los e acolhê-los amistosamente. Em Roma, eu
comprovei há alguns meses que, sempre que o Papa Francisco insistia em que Deus
perdoa sempre, perdoa tudo, perdoa a todos…, as pessoas aplaudiam com
entusiasmo. Seguramente é o que muita gente de fé pequena e vacilante necessita
escutar hoje com claridade da Igreja.
Fonte: Ihu
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