Representantes da ONU, vítimas e ativistas vão denunciar nas Nações Unidas sérias violações aos direitos humanos que
estão sendo cometidas no Brasil por conta das obras e preparação do País para a
Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olímpicos em 2016 e pedir que governos
estrangeiros pressionem Brasília para frear obras que estejam criando
consequências sociais negativas.
As acusações serão apresentadas em um evento dedicado
exclusivamente à situação do Brasil e que será organizada em Genebra por
entidades de pessoas afetadas pelas obras e por um grupo de defesa aos direitos
humanos, a Conectas.
Segundo os organizadores da manifestação, o debate irá
escancarar os “deslocamentos forçados de comunidades, destruição de patrimônio
cultural, supressão de direitos de idosos e estudantes, abusos policiais
cometidos em prol da segurança e uma longa lista de outras violações semelhantes
em decorrência de megaeventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas”.
A reunião ocorre durante a 23ª Sessão do Conselho de
Direitos Humanos da ONU, em Genebra, e tem como meta chamar a atenção
internacional para o fato de que a Copa de 2014 não será apenas a festa que
muitos estrangeiros esperam encontrar no Brasil.
Para a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa
(Ancop), remoções forçadas têm sido “o grande drama das famílias brasileiras
desde o início das obras para a Copa do Mundo e as Olimpíadas”. A entidade
estima que “pelo menos 200 mil pessoas estejam passando por despejos
relacionados aos eventos, o que corresponde a quase um em cada mil
brasileiros”.
“O Brasil injeta recursos bilionários em infraestrutura para
dois mega eventos esportivos: a Copa e a Olimpíada. As obras exigem mudanças
urbanísticas, logísticas e humanas. Mas quem ganha e quem perde com esse
rearranjo monumental?”, questiona Juana Kweitel, diretora de Programas da
Conectas.
“No momento em que se abre espaço para fazer infraestrutura
sobre espaços antes ocupados por estas comunidades, se despeja estas
comunidades sem nenhuma forma de reassentamento e com valores muito pequenos de
compensação financeira (…) Ou mesmo quando se propõe o reassentamento para
estas pessoas, o fazem na periferia a 30 quilômetros do local aonde elas
viviam”, afirma Raquel Rolnik, relatora Especial da ONU sobre o Direito a
Moradia Adequada.
A Ancop espera ainda que a “comunidade internacional
recomende ao governo brasileiro a paralização imediata das remoções forçadas e,
em parceria com as comunidades afetadas, crie um plano nacional de reparações e
um protocolo que garanta os direitos humanos em caso de despejos causadas por
grandes eventos e projetos”.
Fonte: Estado de São Paulo
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