A Igreja não deve fechar as portas a ninguém, nem mesmo a
uma mãe solteira que pede o batismo para o filho, disse o Papa Francisco "Pensem em uma mãe
solteira que vai à igreja, à paróquia e ao secretário: 'Quero batizar meu
filho'. E depois esse cristão, essa cristã lhe diz: 'Não, você não pode porque
você não é casada!'. Mas, veja, essa jovem teve a coragem de levar adiante a
sua gravidez e não devolver o seu filho ao remetente, e o que ela encontra? Uma
porta fechada! Esse não é um bom zelo!...
A Igreja não deve fechar as portas a ninguém, nem mesmo a uma
mãe solteira que pede o batismo para o filho. O pontífice, na homilia em Santa
Marta, lança um apelo à Igreja para que não se transforme em uma espécie de
"alfândega pastoral", com controladores da fé em vez de pastores
prontos para acolher aqueles que batem à porta.
A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada no blog Oltretevere,
25-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Bergoglio dá um exemplo concreto: "Pensem em uma mãe
solteira que vai à igreja, à paróquia e ao secretário: 'Quero batizar meu filho'.
E depois esse cristão, essa cristã lhe diz: 'Não, você não pode porque você não
é casada!'. Mas, veja, essa jovem teve a coragem de levar adiante a sua
gravidez e não devolver o seu filho ao remetente, e o que ela encontra? Uma
porta fechada! Esse não é um bom zelo! Afasta do Senhor! Não abre as portas! E
assim, quando nós estamos nesse caminho, nessa atitude, nós não fazemos bem às
pessoas, ao povo, ao povo de Deus. Mas Jesus instituiu sete Sacramentos, e nós,
com essa atitude, instituímos o oitavo: o sacramento da alfândega
pastoral!".
Sistema econômico
Novo posicionamento do Papa Francisco contra as distorções
do sistema econômico mundial, na audiência à fundação Centesimus Annus Pro
Pontifice. O "desemprego" se espalha "como mancha de óleo em
amplas zonas do Ocidente" e estende "de modo preocupante os limites
da pobreza". É a "pior forma de pobreza material", denuncia o
papa. "Não diz respeito apenas ao Sul do mundo, mas a todo o planeta".
É preciso dar novamente uma "cidadania social" à solidariedade, que
"não é uma atitude a mais ou uma esmola social, é um valor social".
Se no recente discurso a um grupo de embaixadores o Papa
Francisco tinha acentuado a crítica à absolutização das finanças, ele afirmou
nesse sábado o primado do ser humano sobre a economia e o mercado. Na missa em
Santa Marta, o pontífice olhou para os problemas da Igreja, que, segundo ele,
"não é uma alfândega", deve ter "portas abertas", acolher
os simples e aqueles que erram, e não ser representada por "controladores
da fé".
A fundação Centesimus Annus está envolvida no congresso
internacional "Repensando a solidariedade pelo emprego". Partindo
desse tema e da doutrina social dos papas – particularmente de Bento XVI, com a
sua defesa da superioridade da pessoa sobre o mercado –, Bergoglio denunciou
que "não há pior pobreza material – gostaria de salientar – do que a que
não permite que se ganhe o pão e que priva da dignidade do trabalho. Agora esse
'algo que não funciona' – acrescentou – não diz respeito mais apenas ao Sul do
mundo, mas a todo o planeta. Eis, então, a exigência de 'repensar a
solidariedade' não mais como simples assistência com relação aos mais pobres,
mas como repensamento global de todo o sistema, como busca de caminhos para reformá-lo
e corrigi-lo de modo coerente com os direitos fundamentais do ser humano, de
todos os seres humanos".
O papa latino-americano explicou que a "essa palavra,
'solidariedade', não bem vista pelo mundo econômico, como se fosse um palavrão,
é preciso dar-lhe novamente a sua merecida cidadania social. A solidariedade
não é uma atitude a mais, não é uma esmola social, mas é um valor social".
O papa quis lembrar o ensinamento de Bento XVI sobre a
"crise ética e antropológica" e as implicações desta sobre a economia.
Ele citou o antecessor, tanto na encíclica Caritas in Veritate, quanto nos seus
"discursos memoráveis". "Esquecemo-nos e ainda nos esquecemos –
disse o papa latino-americano – que, acima dos negócios, da lógica e dos
parâmetros de mercado, há o ser humano e há algo que é devido ao ser humano
como ser humano, em virtude da sua profunda dignidade: oferecer-lhe a
possibilidade de viver com dignidade e de participar ativamente no bem
comum".
"Devemos voltar à centralidade do ser humano – concluiu
Francisco depois de citar a Caritas in Veritate de Ratzinger – a uma visão mais
ética das atividades e das relações humanas, sem o temor de perder alguma
coisa".
Fonte: Ihu
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