A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de
Jesus Cristo segundo João 8, 1-11 que
corresponde ao 4º Domingo de Quaresma, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Segundo o seu costume, Jesus passou a noite a sós com o Seu
Pai querido no Monte das Oliveiras. Começa o novo dia, cheio do Espírito de
Deus que o envia a “proclamar a libertação dos cativos... e dar liberdade aos
oprimidos”. (Is 61, 1). Depressa se verá rodeado por gente que acode à
explanada do templo para escutá-Lo.
De pronto, um grupo de escribas e fariseus irrompe trazendo
“uma mulher surpreendida em adultério”(Jo 8,3). Não lhes preocupa o destino
terrível da mulher. Ninguém a interroga de nada. Está já condenada. Os
acusadores falam muito claramente: “A Lei de Moisés manda-nos apedrejar as
adúlteras” (Jo 8, 5). Tu, que dizes?
A situação é dramática: os fariseus estão tensos, a mulher
angustiada, as pessoas expectantes. Jesus guarda um silêncio surpreendente. Tem
ante si aquela mulher humilhada, condenada por todos. Será executada. É esta a
última palavra de Deus sobre esta filha Sua?
Jesus, que está sentado, inclina-se para o chão e começa a
escrever alguns traços na terra. Seguramente procura luz. Os acusadores
pedem-lhe uma resposta em nome da Lei. Ele responderá desde a Sua experiência
da misericórdia de Deus: aquela mulher e os seus acusadores, todos eles, estão
a necessitar do perdão de Deus.
Os acusadores só estão a pensar no pecado da mulher na condenação
da Lei. Jesus mudará a perspectiva. Colocará os acusadores ante o seu próprio
pecado. Ante Deus, todos devem reconhecer-se pecadores. Todos necessitam de Seu
perdão.
Como continua a insistir cada vez mais, Jesus ergue-se e
diz-lhes: “O que esteja sem pecado, que lhe atire a primeira pedra”. Quem sois
vós para condenar à morte essa mulher, esquecendo os vossos próprios pecados e
a vossa necessidade de perdão e da misericórdia de Deus?
Os acusadores “vão-se retirando um após outro” (Jo 8, 9).
Jesus aponta para uma convivência onde a pena de morte não pode ser a última
palavra sobre um ser humano. Mais adiante, Jesus dirá solenemente: “Eu não vim
para julgar o mundo, mas para salvá-lo” .
O diálogo de Jesus com a mulher lança nova luz sobre a sua
atuação. Os acusadores retiraram-se, mas a mulher não se moveu. Parece que
necessita escutar uma última palavra de Jesus. Não se sente, todavia,
libertada. Jesus diz-lhe “Tampouco eu te condeno. Vai e, não peques mais” (Jo
8, 10).
Oferece-lhe o Seu perdão e, ao mesmo tempo, convida-a para
não pecar mais. O perdão de Deus não anula a responsabilidade, mas que exige
conversão. Jesus sabe que “Deus não quer a morte do pecador, mas que se
converta e viva”.
Fonte: Ihu
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