Dezenas de milhares de meninas e moças, especialmente da
Europa Oriental e até mesmo da Rússia, são ludibriadas por ofertas de empregos
na Europa Ocidental e EUA, onde acabam sendo transformadas em escravas sexuais.
A vida delas é tão dura que muitas morrem, se suicidam ou são mortas depois de
cinco anos de escravidão. É uma escravidão mortal que sustenta a indústria
criminosa da prostituição e pornografia. Desgraçadamente, os EUA e a Europa
Ocidental são os consumidores que sustentam a máfia que escraviza as meninas e
moças.
Raptadas e escravizadas para prostituição e pornografia
por Julio Severo
Como é que elas poderiam chamar a polícia, quando
autoridades elevadas recebem subornos ou fazem uso da prostituição escrava?
Tenho acompanhado a tragédia da escravidão sexual desde a
década de 1980, e confesso que é difícil entender como uma nação como os EUA,
que tem tanta tecnologia de “segurança”, abrigue uma grande população de
meninas e moças escravas, trazidas de muitos países, para uso de prostituição e
pornografia.
Contudo, um grupo de cristãos está fazendo campanhas de
oração e conscientização em favor dessas vítimas.
Este artigo é minha colaboração para a abolição da
escravidão de meninas e moças.
Vamos orar contra a indústria da escravidão e para que
muitas igrejas façam desse tema motivo de oração.
Eis agora o artigo de Jimmy Stewart, cuja leitura recomendo
a todos: “Nefasto: Mercadores de Almas” desmascara a indústria do tráfico
sexual
Enquanto aguardávamos recentemente num salão lotado para
assistir a um novo documentário sobre tráfico sexual, fiquei tentando imaginar
como o cineasta cristão Benjamin Nolot apresentaria esse assunto vivido para
nós.
Nolot dirige um ministério internacional chamado Exodus Cry
(Grito do Êxodo), com sede em Grandview, Missouri, e é parte da equipe de
liderança da Casa Internacional de Oração, liderada por Mike Bickle. O
propósito do Exodus Cry é abolir a escravidão sexual no mundo inteiro por meio
de campanhas de oração e conscientização, resgates sem uso de violência e a
reabilitação e reintegração social das vítimas.
Eu sabia, pois, que ele estaria buscando alcançar a
audiência mais ampla possível com seu documentário revelador, “Nefarious:
Merchant of Souls” (Nefasto: Mercadores de Almas). Para fazer isso com esse
tema, ele teria que balancear realidade com discrição. Logo vi que ele
conseguiu — realizando essa façanha sem comprometer seu propósito: revelar a
realidade horrenda dessa indústria criminosa que está espalhada em várias
partes do mundo.
Em 2007 Nolot embarcou em missões de levantamento de dados
para investigar o submundo da “indústria” sexual. Ele acabou viajando com sua
equipe de filmagem para 19 países. O filme que estávamos para ver fazia um
registro das viagens deles.
A maioria de nós que estávamos na noite de pré-estreia do
filme na Universidade Full Sail em Orlando, Flórida, era cristã. Fomos a
convite de Florida Abolitionist, ONG patrocinadora que faz campanhas contra as
modernas formas de escravidão. O pastor local, Tomas J. Lares, disse à
audiência que ele fundou a organização depois de ficar sabendo que a Flórida é
um dos maiores canais de tráfico humano. O estado da Flórida, pelo que consta,
é o segundo maior centro de tráfico humano dos Estados Unidos, de acordo com o
Ministério da Justiça dos EUA.
Lares apresentou algumas estatísticas preocupantes sobre a
escravidão sexual: no mundo inteiro, 2 milhões de crianças são vítimas; 80 por
cento de todas as vítimas são mulheres e crianças; a idade média das vítimas
que entram na prostituição comercial nos EUA é 13 anos. O filme de Nolot,
porém, acrescentou o lado humano dessas estatísticas, contando os casos de
vítimas da vida real.
Durante duas horas, fomos levados a momentos abaladores
acerca da indústria mundial do sexo: Europa Oriental, Sudeste da Ásia, Europa
Ocidental, EUA. Em todas as filmagens e entrevistas feitas nos próprios locais
com meninas resgatadas, especialistas de direitos humanos e outros, o
documentário Nefarious iluminou a escuridão que encobre esse comércio ilegal.
De modo particular, descobri duas expressões dessa tão
chamada indústria que são profundamente preocupantes pela desgraça e opressão
que infligem. Essas são a infraestrutura de tráfico humano na Europa e a
cultura de cumplicidade dos pais no Sudeste da Ásia.
Europa: os “pontos de iniciação”
Nefarious inicia com a encenação perturbante de um sequestro
em plena luz do dia. Uma moça é agarrada à força na rua de uma cidade de algum
lugar da Europa. O local não é citado, mas parece que é na Moldávia, um pequeno
país que era satélite da União Soviética, a beira do mar Negro.
A Moldávia está hoje entre os países mais pobres da Europa e
é perfeita para empreendimentos ilegais: um lugar de “crime generalizado e
atividade econômica criminosa”, de acordo com os relatórios da CIA. Os
comerciantes de escravos chamam a Moldávia de “motor” da indústria do tráfico
sexual da Europa. Conforme o filme, mais de 10 por cento da população da
Moldávia foram vitimadas pelo tráfico sexual.
A moça é levada a um prédio de apartamentos de propriedade
de uma organização criminosa, onde ela fica confinada com outras meninas que
tiveram o mesmo destino dela. Os traficantes chamam essas residências de
“pontos de iniciação”, e o filme deixa evidente que essas residências são
fábricas de desgraça humana. Ali, as moças são tratadas com brutalidade até se transformarem
em submissos produtos para a indústria sexual.
Embora o tipo de sequestro que Nefarious retratou realmente
ocorra, a maioria das moças vítimas do tráfico sexual da Europa são atraídas e
ludibriadas por ofertas de emprego que prometem uma vida melhor. As ofertas
incluem trabalho em hotéis, restaurantes ou de babá em cidades prósperas da
Europa. Agências de emprego fajutas, estabelecidas pelos traficantes, se
encarregam de fazer as ofertas fraudulentas. Os melhores empregos supostamente
vão para meninas que irão para o exterior. Mas, em vez de melhoria de vida,
elas são raptadas logo que chegam ao outro país e são enviadas para os “pontos
de iniciação”.
Vlad (não é o nome real dele) trabalhou como traficante de
seres humanos durante 11 anos na Europa. Ele falou diante da câmera e dissecou,
para Nolot, o inferno dos pontos de iniciação.
Terror, drogas, ameaças de violência e violência real são
usados para subjugar a vontade das vítimas e criar submissão total. Os homens
brutais que são encarregados de implementar isso consideram que o estado ideal
de submissão é quando eles gritam uma única palavra para as meninas (“Vá”.
“Fique”. “Deite-se”. “Levante-se”. “Sente-se”.) e recebem obediência imediata.
Um número muito pequeno de meninas escapa dos pontos de
iniciação, disse Vlad, devido à constante monitoração, violência física e por
saberem das consequências se tentarem uma fuga. Perguntaram a Vlad o que
aconteceria com uma menina que tentasse escapar mais de uma vez.
“Pois bem, quando são pegas, elas são surradas”, disse ele.
“Se tentam de novo…”. A voz dele se perdeu, insinuando o óbvio.
Perguntaram-lhe: Isso não o incomodava?
“Nas primeiras duas ou três vezes que tive de dar lição numa
menina, fiquei pensativo”, respondeu ele. “Depois disso, não pensei mais. A
gente acaba se acostumando”.
Perguntaram-lhe: Isso não o incomodava?
“Por que eu pararia de pensar no que acontece com as
meninas?” ele respondeu retoricamente. “Parei de pensar por causa de dinheiro —
muito dinheiro”.
No final, as meninas enfrentam a triste realidade de passar
a vida inteira na prostituição. Pior, algumas são enviadas a leilões de
escravas onde são vendidas como propriedade para quem fizer a oferta mais alta.
Os compradores chegam de todas as partes do mundo. Uma menina europeia que foi
resgatada, cuja face estava escondida ao falar diante da câmera, descreveu as
modernas escravas secretas da Europa Oriental que são mantidas presas em
prédios fortemente guardados por seguranças e câmeras. Os prédios têm a fachada
de desfile de modas.
“Éramos obrigadas a descer a passarela e ficar sem nenhuma
roupa diante da audiência”, disse ela. “Os homens que mostravam interesse em
comprar chegavam perto e nos examinavam, como se fossemos gado”.
Nefarious contrastou o brutal e secreto comércio sexual da
Europa Oriental com o comércio consolidado e praticado publicamente na Holanda,
na Europa Ocidental. Na Holanda, os bordéis são um negócio legal regulamentado
pelo governo. Amsterdã é famosa como destino internacional para o turismo
sexual.
Contudo, a Holanda está também na lista dos principais
destinos para onde vão parar as vítimas de tráfico sexual, de acordo com a
Agência da ONU de Drogas e Crime. Em anos recentes, negócios de sexo na cidade
foram fechados devido a suspeita de atividade criminosa.
Nolot e sua equipe falaram com um fornecedor de prostituição
em Amsterdã chamado Slim e lhe perguntaram se seu negócio era financiado pelo
crime organizado. Hesitando por um momento, Slim respondeu: “Não, não”.
Vlad discordou. “Esses negócios são todos administrados pela
máfia”, afirmou o ex-traficante, usando o termo máfia para designar o “crime
organizado” em geral. “Esses negócios envolvem muito dinheiro”.
De acordo como o Departamento de Saúde e Serviços Humanos
dos EUA, o tráfico humano é a indústria criminosa que mais cresce no mundo e a
segunda maior, perdendo apenas para o comércio ilegal de drogas. Vlad disse
para Nolot que o tráfico sexual em particular está crescendo muito rápido.
“Diferente das drogas, que podem ser vendidas apenas uma
vez”, disse ele, “uma jovem pode ser vendida repetidas vezes”.
Perguntaram-lhe: Mas como é que conseguem fazer isso em
escala internacional?
“Sem as máfias, não haveria nenhuma tráfico humano. Tudo
isso é por causa do dinheiro”, ele disse para Nolot. “Mas o que também
possibilita o tráfico humano é a corrupção dos governos”.
O dinheiro ilícito é tão abundante, explicou ele, que até
mesmo autoridades governamentais fazem vista grossa por um preço. Todos os dias
ocorrem subornos, afirmou ele, envolvendo autoridades das mais elevadas até as
mais inferiores: de líderes nacionais a locais, desde agentes de imigração até
funcionários de alfândega, desde agências policiais até policiais nas ruas.
O dinheiro é a chave que abre a porta para a cumplicidade de
líderes governamentais, disse ele.
Sudeste da Ásia: cumplicidade dos Pais
No Sudeste da Ásia, principalmente no Camboja e Tailândia,
Nolot e sua equipe descobriram outro tipo de cumplicidade que está ajudando a
avançar a indústria do sexo.
Nesta esquina do mundo, as opiniões culturais sobre as
mulheres, bem como pobreza generalizada, combinaram para criar um sistema que
alimenta a prostituição infantil incentivada pela “cumplicidade dos pais”. A
diferença entre esta esquina do mundo e a Europa Oriental é que os pais que
vivem em regiões empobrecidas enviam, de forma consciente e deliberada, suas
filhas novas para centros urbanos de prostituição para fazer dinheiro para a
família.
Em algumas regiões do Sudeste Asiático, meninas se
prostituem antes da idade de 10 anos e são usadas na subindústria da
pornografia.
De novo, o crime organizado controla a indústria maior.
Embora esse fato não seja evidente na vida cultural das vilas rurais, o filme o
mostrou em funcionamento nas modernas áreas turísticas das grandes cidades.
Nos destinos turísticos do Sudeste Asiático, clubes de
karaokê são os principais pontos de conexão para o turismo sexual. Nolot
capturou as cenas desses clubes no filme: grupos de meninas que pareciam estar
no início da adolescência até os 20 anos se misturavam com clientes nas
calçadas ou barzinhos em frente dos clubes. Muitas das meninas saíam com homens
ocidentais brancos de meia idade — alguns dos quais haviam, sem dúvida alguma,
viajado milhares de quilômetros para estar num lugar onde pudessem de forma
segura comprar meninas menores de idade para fins sexuais.
Dentro dos clubes, a câmera de Nolot capturou as cenas:
quartos com decoração moderna em tom lustroso, cores vivas, grandes TVs de tela
plana, música ambiente, iluminação suave e energia sexual. Certo clube onde ele
filmou tinha 80 quartos desse tipo. Em cada um deles, as meninas se misturavam,
ou ficavam entrando e saindo em busca de conexões. De acordo com uma fonte
policial entrevistada por Nolot, o dono havia comprado outros oito clubes
exatamente como esse e mais de 2.000 meninas em sua rede. Esse era apenas um
dos muitos clubes nas áreas de turistas internacionais.
Ver com os próprios olhos a indústria sexual em
funcionamento, por meio de cenas como essas, significava que a produção de
Nefarious não era uma tarefa fácil para Nolot: “Ver o problema do tráfico
humano a partir desse ângulo era extremamente difícil. Não se passa um dia sem
que eu recorde as tragédias horríveis que escavamos”.
Seu motivo para o filme, disse ele, não é “fazer vendas”,
mas ajudar a consertar um erro. “Isso tudo é pessoal e profundamente importante
pra mim. Abordo essa questão com um desejo de justiça, não credencial ou fama.
Sou apaixonado de ver outros, como eu mesmo, estimulados a passar da ignorância
para a ação”.
Falando como espectador, imagino que todos nós que estávamos
no salão naquela noite tivemos o mesmo pensamento no final do filme quando
estavam aparecendo os nomes: Não queríamos nada menos do que ver esse comércio
nefasto detido para sempre.
“Nefarious: Merchant of Souls” (Nefasto: Mercadores de
Almas) é o primeiro de três filmes de Benjamin Nolot sobre tráfico humano. Os
filmes dois e três estão em fase de produção. Para mais informações sobre os
filmes, assista o primeiro. Para mais informações sobre Exodus Cry, clique aqui
Artigo “Nefasto: Mercadores de Almas” desmascara a indústria
do tráfico sexual escrito por Jimmy Stewart
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Fonte: Charisma
Julio Severo é cristão e atua como ativista pró-vida e
pró-família, colaborando para blogs e sites com seus textos. Atualmente, Julio
Severo vive com a família no exterior.
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